Uma das produções paraibanas mais aguardadas do ano teve uma concorrida pré-estreia no último dia 8 no Teatro Municipal “Severino Cabral”, e agora vai ser lançada para todos na Mostra de Cinema do 50º Festival de Inverno de Campina Grande. A exibição será a céu aberto, na praça da Bandeira, dia 20 desse agosto, às 18h30. O curta metragem, de 24 minutos, integra a programação especial “Cinema na Rua” juntamente com dois outros curtas produzidos em Campina Grande: “Bloco da Saudade” de Romero Azevedo e “Biu do Violão e o diamante cor-de-rosa” roteiro, produção e direção de Romulo Azevedo.
“Habeas Pinho” é uma produção esmerada, feita a seis mãos: Aluizio Guimarães e Nathan Cirino no roteiro e direção e Gal Cunha Lima, idealizadora do projeto e uma empenhada e competente produtora executiva.
O filme conta um fato real acontecido em Campina Grande no final dos anos 1950, precisamente em 1959, envolvendo um boêmio seresteiro, um violão, uma cantora da Rádio Borborema e o jovem advogado e poeta Ronaldo Cunha Lima. Não vou contar mais nada, vejam o filme para saber o que e como aconteceu.
A reconstituição de época, embora tenha algumas licenças cinematográficas, é requintada e denota o esforço da produção para o chegar o mais perto possível da realidade pretérita.
Além da história originalíssima, o grande trunfo do filme é sem dúvida o seu elenco, Lucas Veloso brilha como Ronaldo Cunha Lima, além da impressionante verossimilhança física, o jovem ator esbanja talento e técnica na composição do personagem que tanto nos encantou enquanto vivo e agora renasce com o mesmo vigor, carisma e simpatia na pele, gestos e palavras de Veloso. O mais que experiente Chico Oliveira encarna, e convence, o jornalista Epitácio Soares, figura lendária da história da cidade. Juzé faz o boêmio seresteiro e é nítida a intimidade do ator com o tipo representado. Mayana Neiva é a cantora-musa Dafne Cabral, causa indireta de toda a trama, essa atriz, já uma profissional com vários trabalhos em nível nacional, tem uma marcante presença em cena não só por sua beleza, mas especialmente pela sutil delicadeza que transmite nos gestos, olhares e uma voz de cantora de verdade; se não bastasse tudo isso, Mayana tem ainda uma qualidade rara que poucas atrizes possuem: fotogenia natural, a câmera gosta dela. É de se destacar também o elenco de suporte, os coadjuvantes, todos com um nível muito acima da média, como Julio Cesar Rolim, Fabiano Raposo, Napoleão Gutemberg, Luiz Eduardo Farias, Flavio Guilherme, Pedro Oliveira, Essynho Maciel, Kaio Bruno, Gal e Roberto Cunha Lima.
É gratificante ver a nova geração de cineastas se voltando para temas da nossa história, é preciso contar essas histórias na forma narrativa mais popular que temos: o audiovisual/cinema. Habeas Pinho é uma prova de que sabemos como e o que fazer, que venham outros títulos.
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