A compreensão da dependência tem avançado para além da ideia de que se trata apenas de um problema com uma substância ou hábito específico. Pesquisadores e clínicos destacam que o vício pode ser expressão de um sofrimento emocional e de um distanciamento da própria identidade.
O médico e autor húngaro-canadense Gabor Maté, especialista no tema, defende que a dependência surge como tentativa de aliviar uma dor interna, frequentemente associada a traumas e carências emocionais não elaboradas. Para ele, compreender a origem desse sofrimento é fundamental para romper o ciclo compulsivo.
Filosoficamente, essa visão dialoga com reflexões como a de Jean-Paul Sartre, que descreveu o ser humano como “condenado à liberdade”, livre para escolher, mas responsável por construir a própria essência. Nesse contexto, a dependência pode funcionar como fuga dessa responsabilidade e dos desconfortos que emergem quando há desconexão com o próprio sentido de vida.
Estudos na área de saúde mental indicam que identificar sinais físicos associados ao impulso compulsivo, como tensão muscular, aceleração cardíaca e respiração curta, pode auxiliar no reconhecimento precoce de gatilhos emocionais. Essa percepção, segundo especialistas, abre espaço para estratégias terapêuticas que priorizam a reconexão com valores e objetivos pessoais.
Histórias de recuperação também reforçam esse caminho. O ator e comediante Craig Ferguson, em entrevistas, relatou que deixou o álcool ao enfrentar os medos e inseguranças que buscava evitar. “Foi quando parei de fugir que encontrei liberdade”, afirmou.
Profissionais de saúde recomendam que o tratamento da dependência seja multidisciplinar, combinando apoio médico, acompanhamento psicológico e, quando necessário, intervenção social. Mais do que eliminar o uso de uma substância ou comportamento, o foco está em restaurar o bem-estar integral e a autonomia do indivíduo.
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