Pesquisadores de Harvard apontam que a perda de lítio no cérebro pode ser um fator inicial na doença de Alzheimer, reabrindo o debate sobre o papel do elemento como nutriente essencial para a saúde neural. O estudo, publicado na Nature, testou compostos de lítio em camundongos e observou efeitos promissores: memória restaurada, redução de placas de beta-amiloide e prevenção de danos neuronais, sem sinais de toxicidade.
O trabalho também analisou tecidos cerebrais humanos post-mortem, mostrando que níveis mais baixos de lítio se associam à presença das placas características do Alzheimer. Para os autores, isso sugere que a diminuição do metal pode não ser apenas uma consequência da doença, mas um componente que influencia seu desenvolvimento.
Maurício Erwin Puhler, psiquiatra e pesquisador do Hospital Santa Lúcia (Brasília), observa que o estudo reforça a importância do equilíbrio de micronutrientes no cérebro. “De todos os 27 metais analisados, o lítio foi o único que variou conforme a progressão da doença, especialmente no córtex pré-frontal, região ligada a tomada de decisão, controle emocional e comportamento social”, afirma.
Por outro lado, o neurologista Flávio Sekeff Sallem, do Hospital Japonês Santa Cruz (SP), lembra que o corpo humano já possui pequenas quantidades de lítio, o que exige cautela antes de propor suplementação. Segundo ele, a pesquisa é relevante porque coloca o foco na homeostase de minerais e na relação entre metabolismo, proteção neuronal e regulação do sistema imune.
Embora os resultados em modelos animais sejam animadores, especialistas reforçam que testes clínicos em humanos serão fundamentais para avaliar a segurança e a eficácia de doses baixas de lítio no combate ao Alzheimer. A descoberta aponta para uma nova perspectiva no estudo da doença, que vai além das proteínas beta-amiloide e tau, integrando aspectos nutricionais e metabólicos.
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