O planeta já vive, de forma contínua, a temperatura que o Acordo de Paris previa evitar até meados do século. Entre julho de 2023 e abril de 2024, a média global superou em 1,5°C os níveis pré-industriais, conforme registros do Copernicus Climate Change Service da União Europeia. A ultrapassagem não significa, ainda, o rompimento formal da meta, mas acende o alerta a menos de 100 dias da COP30, que acontecerá em Belém (PA).
Firmado em 2015 por 195 nações, o acordo estabeleceu que o aquecimento deveria permanecer “bem abaixo” de 2°C e, de preferência, próximo a 1,5°C, para reduzir a frequência e a intensidade de desastres climáticos. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) reforçam que, sem cortes rápidos nas emissões de gases de efeito estufa, esse limite será ultrapassado de forma duradoura ainda nesta década.
No cenário político, os avanços são lentos. Até o início de agosto, 27 países haviam enviado novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) à Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Brasil e outras nove nações cumpriram o prazo original, em fevereiro. China, União Europeia, Índia, Rússia, Austrália e México, juntos responsáveis por parte expressiva das emissões globais, ainda não apresentaram suas propostas.
Nos Estados Unidos, a meta atual foi protocolada no governo Joe Biden, mas o presidente Donald Trump, promete retirar o país do tratado, como já fez em 2017. Em julho, Pequim e Bruxelas divulgaram um comunicado prometendo submeter suas NDCs antes da conferência de Belém.
Enquanto isso, as evidências do aquecimento se acumulam: incêndios na Califórnia, Chile e México, secas prolongadas na Europa e na Ásia, enchentes históricas no Rio Grande do Sul e queimadas recordes na Amazônia. “O limite de 1,5°C não é apenas um número, é um limiar de segurança para bilhões de pessoas”, afirmou Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, em nota divulgada em Genebra.
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