Abrir mão do álcool nem sempre é uma questão de saúde física ou de abstinência; muitas pessoas temem, sobretudo, perder espaço em encontros sociais. O álcool, reconhecido por facilitar conversas e quebrar inibições, cria uma sensação temporária de pertencimento (NIAAA, 2023).
Especialistas em comportamento humano ressaltam, porém, que as interações construídas sem bebidas podem ser mais profundas. Segundo a psicóloga Brené Brown, pertencimento verdadeiro surge quando o indivíduo não sente necessidade de se moldar às expectativas alheias. “É ser aceito pelo que se é, não pelo que se aparenta”, afirma a pesquisadora.
A adaptação ao convívio sóbrio pode provocar desconforto no início, já que silêncios e gestos ganham mais destaque. Estudos publicados na revista Addiction (2022) mostram que pessoas abstinentes ou com consumo moderado relatam relações mais consistentes e menos dependentes de estímulos externos.
Para aqueles que se dispõem a atravessar essa transição, os laços formados tendem a ser mais sólidos, pautados em presença e reciprocidade, e não em performance ou conveniência social. No fim, a sobriedade redefine o pertencimento, mostrando que estar inteiro em si mesmo é o verdadeiro ponto de conexão.
Fontes: National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA), 2023; Brené Brown, pesquisadora em vulnerabilidade e pertencimento; Addiction, Journal of the Society for the Study of Addiction, 2022.
Comente sobre o post