No Sertão da Paraíba, Cajazeiras desperta em agosto com o perfume da história. As ruas carregam memória, o vento sussurra o passado e, nesta sexta-feira, 22 de agosto, a cidade completa 162 anos desde que deixou de ser apenas um ponto no mapa de Sousa para se tornar um coração pulsante do Sertão. Agosto não é apenas mês de emancipação; é o mês em que nasceu o homem que ajudou a moldar essa terra: Padre Inácio de Sousa Rolim, em 1800, no Sítio Serrote.
Ordenado sacerdote em Olinda, Rolim voltou à Paraíba com a certeza de que ensinar era uma missão divina. Em 1829, abriu a “Escolinha de Serraria”, uma humilde escola onde o barro do chão e o aroma de livros antigos formavam a ponte entre a ignorância e o saber. Não demorou para que estudantes de lugares distantes se deslocassem em busca daquele conhecimento recém-plantado. Em 1843, de volta às terras de sua infância, fundou o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, que passou a atrair jovens de toda a região e até figuras como o Padre Cícero, vindo do Ceará, a aprender e a sonhar.

Foi assim que Cajazeiras se tornou “A terra que ensinou a Paraíba a ler”. Entre pés de cajá e caminhos de terra batida, a cidade cresceu, levando no nome a memória da antiga fazenda de Luiz Gomes de Albuquerque e, no coração, o legado de quem acreditava que a educação podia transformar vidas. Em 1948, a Câmara Municipal decidiu unir em uma única celebração o aniversário do Padre Rolim e a emancipação política, dando ao 22 de agosto uma marca oficial e simbólica.

Hoje, as avenidas se enchem de cores, sons e passos. O Desfile Cívico percorre a Avenida Padre Rolim, reunindo escolas, bandas, órgãos públicos e a comunidade, como se cada aplauso fosse uma pétala de reconhecimento pelo passado. Cada ano tem seus temas, suas homenagens, mas a essência permanece: memória, aprendizado e pertencimento. O Centenário da Diocese, os 152 anos em 2015 e agora os 162 anos em 2025 não são apenas datas no calendário, mas celebrações de uma cidade que respira história e conhecimento.

Em Cajazeiras, ensinar é semear, e cada aluno é uma raiz firme no chão árido do Sertão. Entre livros, orações e marchas, o legado do Padre Rolim segue vivo, lembrando que a educação transforma, a memória fortalece e que, por aqui, cada geração cresce com os olhos voltados para o horizonte, mas os pés firmes na terra que aprendeu a ler.
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