Não basta pedir um expresso, tem que ser sem açúcar. E não é apenas uma questão de paladar: segundo a psicologia, essa escolha aparentemente banal carrega mais significado do que se imagina e, em alguns casos, mais ego também.
Pesquisadores da área de comportamento apontam que quem se acostuma ao amargor puro do café tende a exibir traços como disciplina, resiliência e uma queda por autenticidade. Em outras palavras: o café preto vira um pequeno teste de caráter.
Estudos sobre preferências alimentares sugerem que evitar o açúcar pode estar associado a maior autocontrole e menor dependência de recompensas imediatas. O sabor amargo, nesse caso, deixa de ser um incômodo e passa a funcionar como metáfora involuntária da vida adulta: nem tudo precisa ser adoçado para ser suportável.
Mas, calma: isso não significa que quem coloca uma colherinha de açúcar no café seja um hedonista frágil em busca de alívio instantâneo. Psicólogos lembram que até a transição gradual, reduzir o açúcar, trocar por mel ou adoçantes naturais, revela algo sobre nós. Nesse caso, fala-se em flexibilidade, capacidade de adaptação e até uma espécie de negociação interna entre prazer e disciplina.
No fim, a xícara pode ser um espelho. Beber café puro virou símbolo de autenticidade, uma forma de dizer: “Eu sou assim mesmo, sem filtro e sem adoçante”. Pequenas escolhas como essa, repetidas diariamente, reforçam a ideia de consistência e clareza de valores.
Ou seja: o café sem açúcar pode até não deixar a vida mais doce, mas serve para alimentar a narrativa de que quem o toma é mais forte, mais autêntico, mais resistente. Talvez seja só café. Mas, convenhamos, dá um gosto especial pensar que cada gole nos aproxima de uma versão mais “sincera” de nós mesmos, ainda que essa sinceridade venha acompanhada de uma careta discreta no primeiro gole da manhã.
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