A história de Cajazeiras, no sertão da Paraíba, não pode ser contada sem a presença de Ana Francisca de Albuquerque, a quem o povo chamava carinhosamente de Mãe Aninha. Reconhecida por sua dedicação à família e à comunidade, tornou-se referência de religiosidade, trabalho e solidariedade, atravessando os limites da memória local para entrar na história nacional.
Segundo registros do padre Heliodoro Pires, que traçou seu perfil de “matrona sertaneja”, Mãe Aninha era conhecida pela generosidade e pelo compromisso com os mais pobres. Em passeios pelas terras da família, costumava levar algodão para fiar, vendendo os novelos e destinando o dinheiro às ações de caridade.
O historiador Deusdedit Leitão destacou que Mãe Aninha teve papel essencial na construção da igreja que mais tarde se tornaria a Catedral de Nossa Senhora da Piedade, em Cajazeiras. Embora fosse proprietária de terras e de escravos, prestava serviços de obstetrícia a todos que a procuravam, sem distinção de classe ou condição social.
Mãe do padre Inácio de Sousa Rolim, fundador da escola que deu origem à cidade, Ana Francisca foi descrita como mulher de forte espiritualidade, cuja vida se pautou pelo serviço comunitário e pela simplicidade no trato. Sua trajetória permanece como símbolo de um tempo em que a religiosidade popular e a solidariedade estruturavam o cotidiano sertanejo.
Comente sobre o post