A conta é brutal, mas simples: um deputado ou ministro da República recebe cerca de R$ 44.000 por mês. O cidadão comum? Em 2024, a renda média per capita no Brasil foi de R$ 2.069, segundo dados oficiais. A matemática não mente: alguns segmentos, especialmente o Judiciário e o Legislativo, embolsam até 22 vezes mais do que a media nacional.
O resultado não apenas supera a média global como também coloca o Brasil num patamar de desigualdade salarial que desafia até mesmo países vizinhos, como Chile e Argentina. O alerta vem numa época em que as urnas exigem não apenas candidatos, mas prestação de conta real e não meras retóricas de austeridade.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) nos lembra há tempos: a desigualdade é estrutural. Mas aqui e agora, ela se manifesta em cifras que parecem de ficção: cada real pago a um legislador poderia multiplicar o impacto social se usado em políticas públicas. E não custa lembrar que, em paralelo, nosso sistema de Justiça joga cifras bilionárias em “penduricalhos”, benefícios extras que alimentam privilégios, deixam o teto salarial nos campos da lógica econômica só para constar e transformam o dinheiro público em um poço aparentemente sem fundo.
O problema não está apenas nos valores, mas no efeito simbólico dessas distorções. É o espelho de uma elite que se cerca de ganhos impressionantes, enquanto o País inteiro vive ciclos de recessão, estagnação salarial e contenção de direitos. E, como grita a lógica pública, não basta redistribuir renda: precisamos redistribuir racionalidade e espírito coletivo.
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