A revista The Economist desta semana coloca Jair Bolsonaro na capa, com seu rosto pintado em verde e amarelo e usando um chapéu que remete ao símbolo da invasão do Capitólio, referência ao “viking do Capitólio”, retratando-o como o “Trump dos trópicos”.
O julgamento que começa em 2 de setembro no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual ele e seus aliados são acusados de tentar um golpe de Estado, é apresentado como um momento definidor para a democracia brasileira e um sinal claro de maturidade política . A revista prevê que Bolsonaro e seus aliados “provavelmente serão considerados culpados”, e acrescenta uma nuance ácida: o golpe falhou “por incompetência, e não por intenção”.
Num editorial mais opinativo, o Brasil é apresentado como um caso-teste da recuperação pós-populista, num contraste diante de democracias ocidentais como os EUA, o Reino Unido e a Polônia, onde o populismo ainda ecoa com força. A Economist salienta que, em vez de ameaçar as instituições, o Brasil parece empenhado em preservá-las.
A análise destaca ainda que o atual contexto político americano, marcado por pressões autoritárias e protecionistas de Donald Trump, como interferência no Federal Reserve e retaliações econômicas, não encontra equivalente no Brasil. Mesmo depois de sanções de Trump, o país teria mantido firme a defesa do estado democrático de direito.
A reportagem associa essa resiliência brasileira à memória da ditadura e à construção da Constituição de 1988. O STF é, para a Economist, uma barreira concreta contra o autoritarismo em solo nacional e um dos principais fatores que alicerçam essa reação robusta às ameaças à democracia.
Além disso, a maioria dos brasileiros acredita que Bolsonaro tentou um golpe, ainda que tenha falhado e, mesmo entre políticos conservadores dependentes de seus votos, muitos criticam seu estilo incendiário. Para a publicação, esse reconhecimento coletivo abre caminho para reformas e representa uma chance de superar a polarização.
O texto conclui: ao contrário da infantilização democrática observada em outros polos democráticos, o papel do adulto democrático do hemisfério ocidental parece ter se deslocado para o sul, ao menos por enquanto.
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