A OpenAI, que transformou “inteligência artificial” em sinônimo de ChatGPT, resolveu fincar bandeira no Brasil. O novo escritório em São Paulo não é uma sede corporativa no sentido clássico: funcionará como espaço de treinamento, encontros e evangelização tecnológica. Tradução livre: um hub para conquistar ainda mais brasileiros para seu ecossistema de ferramentas.
E não são poucos. A empresa já fala em 50 milhões de usuários mensais no país, uma massa crítica que coloca o Brasil no mapa global da IA. Não é exagero dizer que o país se tornou um laboratório a céu aberto: daqui brotam não só consumidores curiosos, mas também desenvolvedores e empreendedores que adaptam o ChatGPT a serviços, negócios e até à política.
Mas se a inteligência artificial corre, a regulação ainda engatinha. Em Brasília, o debate se arrasta entre comissões e audiências, enquanto gigantes de tecnologia vão ocupando espaço e definindo, na prática, como a tecnologia será usada. O diretor de políticas públicas da OpenAI, Nicolas Andrade, já jogou uma pimenta no tema ao afirmar que direitos autorais não deveriam entrar no pacote regulatório de IA. A declaração soou como recado direto ao setor cultural brasileiro, que teme ver sua produção absorvida sem retorno financeiro.
O escritório em São Paulo, portanto, não é apenas mais uma sala envidraçada na Faria Lima: é uma peça no tabuleiro político. De um lado, a promessa de formação e inovação. De outro, o risco de que a regulação continue a reboque da tecnologia, em um país que historicamente demora a reagir às transformações digitais.
Se a OpenAI trouxe sua inteligência para cá, cabe ao Brasil decidir se terá coragem de usá-la também na regulação.
Comente sobre o post