Um apagão silencioso nos bastidores da internet global surgiu neste fim de semana: múltiplos cabos submarinos no Mar Vermelho foram danificados, afetando profundamente o tráfego entre Ásia, Oriente Médio e Europa. A Microsoft confirmou que seu serviço Azure sofreu aumento de latência (tempo de resposta, ou o “atraso”, que os dados levam para viajar de um ponto a outro na rede, como entre o seu dispositivo e um servidor, medido em milissegundos), mas ressaltou que não houve interrupção dos serviços graças a rotas alternativas já ativas..
O estrago atingiu dois sistemas vitais de infraestrutura: o SMW4 (South East Asia–Middle East–Western Europe 4), da Tata Communications, e o IMEWE (India–Middle East–Western Europe), operado por um consórcio liderado pela Alcatel-Lucent. Os incidentes ocorreram perto de Jeddah, na Arábia Saudita, e, segundo o observatório NetBlocks, as falhas causaram degradação de conectividade em países como Índia, Paquistão, Emirados Árabes e Arábia Saudita.
Embora as causas exatas ainda não tenham sido confirmadas, o ambiente é delicado. A região está no foco de tensões geopolíticas, e já houve suspeitas de envolvimento dos rebeldes houthis do Iêmen, que negam essa responsabilidade, além do risco de danos acidentais causados por âncoras de navios. Reparos em cabos submarinos exigem embarcações especializadas, tornando-se um processo complexo e demorado..
A Microsoft acalmou os usuários ao detalhar que o impacto incide apenas sobre o tráfego que atravessaria o Oriente Médio. O trecho afetado gera lentidão perceptível, mas os demais caminhos permanecem operando normalmente. A empresa prometeu atualizações constantes conforme monitoramento e ajustes forem avançando.
Essa situação expôs novamente a fragilidade das rotas digitais concentradas em corredores específicos. Estudos apontam que cerca de 17% do tráfego global transita pelo trecho do Mar Vermelho, o que significa que, se algo falhar ali, os efeitos reverberam mundo afora.
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