Nascida em Cajazeiras, no interior da Paraíba, Íracles Brocos Pires, carinhosamente chamada de Dona Ica, foi uma mulher à frente de seu tempo. Com uma formação em Teatro pela Faculdade de Belas Artes do Rio de Janeiro, ela retornou à sua cidade natal e se tornou uma das principais figuras do movimento cultural local nas décadas de 1950 e 1960. Sua paixão pelas artes cênicas a levou a fundar o Teatro de Amadores de Cajazeiras (TAC) em 1953, onde montou peças como O Auto da Compadecida, O Noviço, Dona Xepa, Afilhada de Nossa Senhora da Conceição, O Piquenique do Tigre, A Dama do Camarote e Fui Eu… Mas Não Espalhe.
Sua dedicação ao teatro não se limitava aos palcos. Dona Ica também foi uma influente radialista, apresentando programas que alcançavam uma vasta audiência e promoviam a cultura regional. Ela desempenhou um papel crucial na ampliação da potência da Rádio Difusora Cajazeiras, de 1 para 10 kilowatts, juntamente com militares da época.
Em 1985, para homenagear sua contribuição à cultura local, foi inaugurado o Teatro Íracles Brocos Pires (ICA) em Cajazeiras, que se tornou um importante centro cultural da região. O teatro passou por uma reforma significativa em 2018, ampliando sua capacidade e modernizando suas instalações, mas mantendo o nome da homenageada intacto.
Dona Ica faleceu prematuramente em um acidente automobilístico em Jequié, Bahia, em 1979, aos 46 anos. No entanto, seu legado perdura. Sua filha, Jeanne Brocos Pires, revelou que a mãe deixou um livro escrito, que está sendo preparado para publicação, além de um material audiovisual de um filme gravado com ela, que está sendo restaurado.
Íracles Pires, ou Dona Ica, permanece uma figura central na história cultural de Cajazeiras e do Sertão paraibano, sendo lembrada como a dama do teatro sertanejo que, com coragem e dedicação, construiu pontes entre a arte e a comunidade.
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