O Supremo Tribunal Federal está às vésperas de uma decisão que pode se tornar um marco na história democrática do Brasil. Até o fim dessa semana, a Primeira Turma da Corte deverá julgar se Jair Bolsonaro conspirou para se manter no poder após sua derrota eleitoral em 2022. Se condenado nos cinco crimes que responde, entre eles tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada, o ex-presidente pode ser sentenciado a até 43 anos de prisão.
O julgamento começou oficialmente em 2 de setembro, com sessões já estendidas para além do cronograma inicial, inclusive com um dia adicional marcado para o dia 11. A leitura do relatório conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes injetou tensão no processo, marcado por denúncias de um plano golpista que incluía acusações graves como envenenamento de adversários e assassinatos políticos.
Na manhã deste 7 de Setembro, sob o lema “Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de Todo Dia”, a Praça da República tornou-se palco da 31ª edição do Grito dos Excluídos em São Paulo, mobilização que se contrapõe simbolicamente à manifestação bolsonarista que ocorreu à tarde na Avenida Paulista. Promovido pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, o ato buscou dar voz a grupos historicamente marginalizados e ecoou pautas de soberania nacional, combate à desigualdade e defesa da natureza.
A Avenida Paulista, em São Paulo, foi palco de uma manifestação organizada por movimentos de direita, como o “Reaja Brasil”, que reuniu milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ato teve como foco principal o pedido de anistia para Bolsonaro e para os condenados pelos ataques de 8 de janeiro. Além disso, houve críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro, confinado em prisão domiciliar desde agosto e proibido de usar redes sociais ou se comunicar com autoridades estrangeiras, manteve-se afastado das manifestações no 7 de Setembro. Em São Paulo, na Avenida Paulista, simpatizantes vestidos das cores nacionais ergueram cartazes de apoio, enquanto uma aposentada de 70 anos declarou que o processo era “uma vergonha” e que estavam ali para defender o Estado de Direito.
Internacionalmente, o caso chama atenção por seu caráter inédito: trata-se da primeira vez que um ex-presidente brasileiro é julgado no STF acusado de atentado contra a democracia. A imprensa global segue o desenrolar com atenção, enquanto os Aliados de Bolsonaro, incluindo o ex-presidente Donald Trump, denunciaram o processo como perseguição política.
Com o desfecho previsto até 12 de setembro, o julgamento é hoje o epicentro de um embate que ultrapassa o campo legal, afetando o equilíbrio político e institucional do país.
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