A Academia Brasileira de Cinema tirou as cartas da manga e anunciou os seis longas que disputam quem será “o escolhido” para carregar a bandeira do Brasil rumo ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2026. A lista tem sotaques diversos e intenções distintas: O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho; O Último Azul, de Gabriel Mascaro; Manas, de Marianna Brennand; Baby, de Marcelo Caetano; Kasa Branca, de Luciano Vidigal; e Oeste Outra Vez, de Erico Rassi. No dia 15 de setembro, apenas um seguirá vivo na corrida.
Se o cinema fosse aposta de cavalos, O Agente Secreto seria o favorito no páreo. Saiu de Cannes com Melhor Diretor para Kleber Mendonça Filho e Melhor Ator para Wagner Moura, além de dois prêmios paralelos e ainda por cima fala de espionagem em plena ditadura. É cinema de gênero, mas com pegada política e drama de quem sabe cutucar feridas antigas.
Correndo por fora, mas em ritmo de festival, O Último Azul, de Gabriel Mascaro, volta de Berlim com o Urso de Prata na bagagem. Entre metáforas sociais e cores fortes, tem o carimbo internacional que costuma agradar aos votantes da Academia.
No restante da lista, há variedade e risco: Manas chegou até Veneza e contou com Sean Penn de olho no projeto como produtor executivo; Oeste Outra Vez faturou o Kikito em Gramado e aposta na força do cinema feito fora do eixo; Baby e Kasa Branca apostam em narrativas mais íntimas, mas com recepção calorosa em festivais menores.
A disputa acontece sob a sombra de um feito histórico: a vitória recente de Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, primeiro Oscar brasileiro na categoria. Agora, a pressão é dobrada: manter o embalo ou cair na vala comum dos esquecidos pela Academia.
No fim, o Brasil tenta repetir o improvável: transformar um cinema plural, barulhento e atravessado por crises em passaporte dourado para Hollywood. E, como sempre, tudo depende de quem vai convencer que sua história fala para o mundo inteiro.
Comente sobre o post