Tente segurar a língua por 24 horas. Não para evitar fofoca, mas para frear o impulso automático de resmungar. É quase um esporte olímpico, o ato de reclamar: da fila, do governo, do clima, do vizinho, do trânsito. Só que a ciência, essa chata que insiste em estragar nossas desculpas, já mostrou que a gratidão funciona como um antídoto neural para esse hábito. Pesquisas da Universidade da Califórnia em Davis, conduzidas por Robert Emmons, indicam que praticar gratidão regularmente reduz sintomas de depressão em até 35% e aumenta a sensação de bem-estar.
Agora imagine o seguinte experimento social: um país inteiro sem reclamar por um dia. O IBGE não teria estatísticas para isso, mas a Organização Mundial da Saúde talvez registrasse uma queda brusca na venda de analgésicos. Harvard, em seus estudos sobre felicidade, aponta que pessoas que treinam o cérebro para focar no positivo dormem melhor, têm mais energia e até menos pressão arterial. E sem gastar um centavo em aplicativos milagrosos.
A gratidão, esse exercício aparentemente piegas, não significa ignorar a realidade dura, ela só troca a lente de aumento das desgraças por uma lupa que também encontra frestas de luz. Reclamar é fácil, automático e rende conversa de elevador. A gratidão exige esforço, disciplina e até certo sarcasmo diante do caos: “Sim, o ônibus atrasou, mas pelo menos ainda existe ônibus”.
Então, o convite é simples: experimente 24 horas de silêncio reclamativo. Anote mentalmente o que ainda funciona na sua vida. Pode ser que o mundo não mude em um dia, mas a forma como você o lê, sim. E talvez, ao fim, você perceba que reclamar cansa mais do que agradecer.
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