Em uma decisão que mexe com a balança comercial, o governo dos Estados Unidos retirou a tarifa de 10% sobre a celulose e o ferro-níquel brasileiros. O movimento sinaliza uma abertura parcial para os produtos estratégicos do Brasil, reforçando a competitividade no mercado norte-americano. Isso pode parecer uma vitória, mas a história está longe de ser uma linha reta. A medida traz alívio para um setor importante, mas as negociações continuam tensas em torno de outros produtos-chave, como carne, frutas e, principalmente, o café.

Para o Brasil, o gesto americano é uma sinalização de que, talvez, haja mais a caminho. Estima-se que 25% das exportações brasileiras para os EUA já estejam isentas de tarifas extras, o que representa US$ 10,1 bilhões. Entre os beneficiados estão as indústrias de celulose e ferro-níquel, cujas exportações estavam atoladas em tarifas elevadas. Isso fortalece players como a Suzano, gigante do setor, que agora pode competir no mercado internacional sem a barreira das sobretaxas americanas.

Entretanto, a vitória ainda não é total. Para o café, a ausência de isenção foi um golpe pesado: o preço da commodity aumentou 21% nos últimos doze meses nos EUA, o que afetou diretamente os consumidores americanos. Para o setor cafeeiro, as negociações continuam sendo um jogo de paciência. E a carne, embora presente nas discussões, ainda não obteve a alforria desejada.
Apesar dos avanços, o caminho está longe de ser livre de obstáculos. A expectativa é de que as pressões internas no Congresso dos EUA, junto com o crescente impacto nos preços dos alimentos, possam forçar uma mudança nas tarifas para outros produtos essenciais. Até lá, o Brasil segue na expectativa de que acordos comerciais mais amplos derrubem as barreiras restantes, e que o diálogo entre as duas maiores economias do continente se torne mais racional e eficaz.
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