Elizabeth Monteiro entrega ao leitor um livro (A culpa é da Mãe) que transita entre o riso e a reflexão, misturando memórias pessoais e análise psicológica. A obra percorre sua trajetória familiar desde a infância até os dias atuais, destacando como as relações dentro da família evoluíram ao longo do tempo.
“Sou filha temporã. Segundo o analista Carl Gustav Jung, cada mãe contém a filha em si
mesma e cada filha contém a mãe. Assim como cada mulher se vê recuando na mãe e
avançando na filha.”
Cada capítulo se encerra com insights que convidam o leitor a repensar atitudes, tanto da mulher como filha e mãe, quanto do homem como parceiro e pai. Elizabeth questiona a cultura que sobrecarrega exclusivamente a mãe, lembrando que a divisão de responsabilidades é essencial: “A esposa não é a empregada com quem você teve um filho”, alerta implicitamente.
“Hoje em dia, a queixa mais comum nos consultórios diz respeito à agitação infantil e
recebe como diagnóstico mais popular e inconsequente a hiperatividade. Nunca vi tanta
criança “hiperativa” na minha vida como atualmente.”
Apesar do humor que permeia a narrativa, o livro provoca reflexão sobre temas pesados, como separação de casais com filhos e os desafios da maternidade moderna. A autora oferece um guia prático para revisitar escolhas pessoais e familiares, mostrando que a consciência e a participação de todos na vida familiar são fundamentais.
“O que fazer diante de uma separação? Vou logo dizendo que não dá para separar-se sem
dor. Por mais que a vida não esteja boa, ninguém casa pensando em separar-se. São planos,
construções, sonhos que temos de abandonar. A vida fica muito judiada. A família toda se
ressente e não dá para ser diferente. A primeira lição é encarar a dor com coragem. Dizer aos
filhos que o casal não está conseguindo entender-se, viver de forma alegre e que, portanto,
optou em morar em lugares diferentes.”
O texto evita didatismos, mesclando relatos pessoais, críticas sutis e recomendações que funcionam como um convite à introspecção, transfomando experiências cotidianas em uma leitura leve, mas provocadora, que mistura irreverência, crítica social e psicologia aplicada.
O resultado é um livro que diverte, informa e desafia o leitor a olhar para a família sob uma lente mais equitativa, questionadora e consciente.
“As próprias escolas reduziram o tempo dedicado às aulas de artes, educação física e
música. As escolinhas maternais prendem as crianças a uma mesa e cadeira, dando-lhes lápis
e papel para mandar às mães, no fim do mês, uma pasta cheia de trabalhos inúteis ao
desenvolvimento infantil, muitas vezes para “mostrar serviço”. Algumas escolinhas têm mais
livros que brinquedos.”
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