É impressionante como, quando o assunto é saúde mental, a solução é quase sempre a mesma: buscar algo que as mentes mais tradicionais parecem ignorar com frequência: o coletivo e o espiritual. Enquanto a medicina acadêmica tenta achar uma pílula mágica para tudo, povos indígenas e quilombolas já sabem o que funciona e a resposta não está no último protocolo de tratamento ou no farmacêutico mais renomado.
A saúde mental nas comunidades indígenas e quilombolas, como bem explicou Otto Payayá, do povo Payayá, não é uma questão pessoal, mas algo profundamente enraizado na coletividade. Entre ervas medicinais, rezas e até danças, essas culturas estão fazendo o que as terapias modernas ainda estão tentando aprender: respeitar a alma, a mente e o corpo de maneira integrada. Otto, que coleta ervas e sementes com uma habilidade impressionante, diz que a medicina tradicional acadêmica tem muito a aprender quando “desce de seu pedestal” e se dispõe a ouvir essas práticas ancestrais.
Quem diria, não é? Enquanto os cientistas tentam encontrar respostas em microscópios e livros, o segredo pode estar em algo mais simples e menos clínico. Práticas espirituais e comunitárias, que incluem tudo, desde a higiene espiritual até uma boa dança, são a base de uma saúde mental equilibrada para essas comunidades. O melhor de tudo é que, ao contrário da nossa medicina, aqui não há mensalidade de plano de saúde, nem fila no SUS. Quem sabe, se a medicina acadêmica finalmente ouvir os mestres de ervas e sabedoria ancestral, a gente não começa a ver mais “cura” do que diagnóstico.
Otto e seus companheiros não querem nem saber de se “arrumar” para agradar. Eles só querem que o mundo entenda que manter sua forma de cuidar é respeitar a tradição e a cultura. E, por enquanto, é uma fórmula que tem dado certo, enquanto o resto do mundo ainda está tentando encontrar a paz mental no último remédio da farmácia.
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