O que era para ser uma simples troca de abraços entre dois presidentes, Lula e Donald Trump, acabou se transformando em uma conversa diplomática digna de crônicas poéticas. Durante a Assembleia Geral da ONU, ambos trocaram gestos amigáveis e prometeram um encontro na próxima semana. Não se sabe ainda se pessoalmente, por ligação ou vídeo-chamada Não que o tempo tenha sido muito para uma conversa profunda, algo em torno de 20 segundos, segundo o próprio Trump. Mas isso foi suficiente para garantir uma promessa de reencontro e uma boa dose de “química”, segundo o ex-presidente dos EUA. Aliás, Trump se mostrou tão encantado que já afirmou: “Eu só faço negócios com pessoas de quem gosto.” Claro, porque, aparentemente, amizade e negócios devem caminhar juntos, não é mesmo?
Mas, calma lá, o abraço na ONU não é sinal de que o caminho de rosas foi pavimentado. Enquanto a amizade se materializa (?) nos bastidores, o jogo duro da política internacional se mantém implacável. Trump, com sua proverbial agressividade, aproveitou a deixa para afirmar que o Brasil só “irá bem se trabalhar com os Estados Unidos”. “Sem os EUA, vocês fracassarão”, disse, em mais uma de suas falas bombásticas, como se a América fosse o único farol de prosperidade para o mundo.
No entanto, Lula não é exatamente um novato no campo da resistência. Durante seu discurso, evitou mencionar diretamente o comandante da Casa Branca, mas fez questão de sublinhar que medidas “unilaterais e arbitrárias” dos EUA não têm lugar no cenário internacional. A soberania do Brasil, afinal, não está à venda, e Lula deixou claro que, para o Brasil, o que está em jogo são os próprios princípios de independência.
Agora, a cereja do bolo: enquanto as conversas “amistosas” acontecem no palco internacional, a economia segue seu próprio roteiro. A guerra comercial, por exemplo, não foi interrompida pelo abraço ou pelas promessas de encontros. As tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros continuam a ser um golpe financeiro direto. A lógica de Trump, aparentemente, é simples: os EUA não têm problema em abraçar quem vai aceitar a sua força econômica. Mas o Brasil, com suas verdades e suas vontades, não parece disposto a se curvar.
O que fica claro é que o Brasil e os Estados Unidos estão mais para rivais que para parceiros em um cenário onde interesses econômicos se sobrepõem à simpatia pessoal. O abraço foi, no fim das contas, um gesto de fachada, uma cortesia para as câmeras. A real negociação, com tarifas e sanções, continua sendo o verdadeiro campo de batalha. O problema é que, para Trump, essa guerra ainda está longe de ser uma disputa justa. E o Brasil, por sua vez, parece ter aprendido que, no fim, as “boas intenções” não pagam as contas.
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