O médico e ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou nesta terça-feira (30) a demora do governo Lula de vacinar à população e permitir o aumento exponencial dos casos de dengue no país. As declarações foram registradas em artigo publicado.
Confira abaixo o texto na íntegra:
Acesso justo e equitativo a vacina? – Por Marcelo Queiroga
Em 2021, auge da pandemia de COVID-19, defendi que operadoras de planos de saúde deveriam arcar com ônus de vacinar seus beneficiários, enfim, naquele momento, não tínhamos duvidas da custo-efetividade das vacinas. Mas, era necessário assegurar o acesso justo e equitativo as vacinas para todos os brasileiros, inclusive a legislação estabelecia critérios para aquisição de vacinas pela iniciativa privada.
Hoje, vivemos uma forte epidemia de dengue e como sabemos há exiguidade da vacina contra dengue. O Ministério da Saúde não tomou as providências para assegurar o acesso equitativo dessa vacina e somente um público muito restrito pode ser vacinado.
No entanto, a operadora de plano de saúde, Geap, vai disponibilizar a vacina contra dengue, inicialmente em Brasília-DF, para todos os beneficiários entre 4 e 60 anos. A vacinação começou no dia 29 de janeiro.
Esse episódio revela mais uma nuance da forma como o Ministério da Saúde conduziu a estratégia de vacinação contra dengue no país, além da omissão inicial, por retardo na avaliação e incorporação da vacina da dengue no SUS, que culminou com a aquisição restritíssima de doses, ainda frustou o acesso justo e equitativo as vacinas para os brasileiros.
Esperava mais da gestão da política de vacinação no país, mormente quando havia a promessa de vacinar ser uma prioridade nacional.
Marcelo Queiroga – Médico cardiologista e ex-ministro da Saúde.