A TV Arapuan realizou, nessa quinta-feira (08), o primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de João Pessoa. Sob a condução de Luís Torres, Cícero Lucena (PP), Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e Ruy Carneiro (Podemos) sinalizaram como devem ser as próximas semanas até o esperado 06 de outubro.
Antes de entrar na postura de cada postulante, importante destacar formato adotado pelo Sistema Arapuan. De forma direta, a liberdade para que cada concorrente à sucessão municipal pudesse apresentar propostas e confrontar adversários foi acertada. Um rodízio dinâmico.
E qual o saldo político pode-se extrair?
Como era de se esperar, artilharia aberta contra Cícero. À frente da gestão municipal e em busca da reeleição, Lucena foi alvo de questionamentos dos demais concorrentes. Entre os temas com maior foco de provocações, saúde, mobilidade urbana, educação e revitalização no Centro Histórico.
Ao escolher debater com Ruy a situação dos mercados públicos, um deslize. Essa é uma área que carece, e não é de agora, de atenção do Poder Público. Acertou ao não se deixar levar pelos insultos que respingam até no âmbito familiar, leia-se na secretária-executiva de Saúde, Janine Lucena. Talvez uma reação não calculada poderia resultar em subtração com grandes consequências. Para os próximos, uma sugestão. Menos papeis e mais segurança.
Em busca de um plebiscito com Cícero, Cartaxo colocou na mesa comparações de gestões. Com um script pronto, provocou o atual gestor. Desafiou. Buscou polarizar, dando um aperitivo de como serão os próximos meses. O petista se apegou a Lula, com promessas de obras conjuntas com o Governo Federal. Mas, teve que se desviar de episódios passados, como o fantasma da promessa do BRT e o divórcio com o PT, no auge do escândalo da Lava Jato.
Estreante, Marcelo Queiroga começou a noite surpreendendo. Com dados e informações, foi nas feridas dos demais. Questionou Cícero por falta de atenção na saúde. Levou frases de efeitos na manga. Por mais que estejam em campos opostos, não escondeu dobradinhas com Luciano e Ruy.
Ex-ministro de Jair Bolsonaro, Queiroga precisou e necessitará lidar com temas sensíveis, principalmente quando o assunto for a forma como o ex-presidente combateu a pandemia. Quem sabe essa não foi a estratégia do cardiologista ao não expor a defesa do padrinho político.
Na terceira vez em busca de gerir a maior cidade da Paraíba, Ruy Carneiro seguiu a postura de Luciano. Chamou Cícero para o duelo. Cutucou o prefeito, e foi cutucado ao ser questionado dos recursos destinados a unidades de saúde, como o Help em Campina Grande, mas revidou. Diferente das entrevistas recentes, optou por uma fala mais leve, sem a agressividade anterior.
E o que fica?
O primeiro debate acabou. Como registrado acima, realizado com uma fórmula plausível. Prendeu o eleitor. Foi concluído com nível elevado e maduro entre os presentes, sem a necessidade de mediador ou figura externa precisar intervir.
Diferente do que foi disseminado pelas campanhas dos quatro políticos, em debate não há vencedor, nem muito menos perdedor. Quem vence um momento como esse, é a amplitude de ideias. A democracia, não candidato A, B, C ou D.
E aos candidatos, nunca é tarde lembrar. Quando a Justiça Eleitoral autorizar a campanha na rua, o eleitor ficará na porta de casa não em busca de aperto de mão ou na espera de um jogo da discórdia, deixa isso para o Big Brother Brasil. Quer ouvir soluções. Propostas que mudam a vida de quem está na ponta, que sejam viáveis na prática.
E é isso que se espera de quem deseja administrar ações que impactam na vida de quase um milhão de cidadãos.
Por Wallison Bezerra