Quem nunca recebeu aquelas ligações automáticas no mesmo dia oferecendo “oportunidades imperdíveis”, ou, em muitos casos, a ligação fica muda?
O processo é uma obra-prima: softwares de discagem automática disparam ligações em massa com mensagens pré-gravadas e para melhorar a experiência, ainda falsificam o número de quem chama — afinal, qual seria a graça se você pudesse ignorar logo de cara?
Às vezes, o robô do outro lado só quer o seu bem: lembrar que seu plano de saúde está atrasado ou que você tem direito a um prêmio que só exige o pagamento de cinco taxas antes. Outras vezes, a ligação é só para te avisar, no tom de um psicólogo cansado, que você deve milhões para uma empresa que nem existe.
Robocalls são o presente que seu celular dá a você quando acha que sua autoestima anda alta demais.
Aquelas ligações mudas, onde ninguém fala nada, são apenas para ter certeza de que você ainda está vivo — e pronto para receber novas investidas amanhã, no mesmo horário, dessa vez querendo vender algum produto.
“Em muitos casos, os disparos em massa feitos pelas empresas têm como objetivo verificar se o número ainda está ativo”, explica um ex-funcionário de um call center que preferiu não se identificar.
“A gente tem que testar toda essa base para saber se os clientes que estão ali são ativos ou não, se os telefones que a gente recebeu dessa empresa que quer cobrar dívida são ativos ou não e para isso a gente usa um sistema de ligações robotizadas, onde um computador gera números aleatórios e liga para esses clientes em ligações curtas de no máximo 10 segundos para testar se o cliente vai atender ou não”, conta um ex-funcionário de uma empresa de telemarketing.
No fim, as robocalls são uma metáfora perfeita para a vida moderna: rápidas, invasivas e absolutamente sem sentido. E o melhor? Você nem precisa responder para ser incomodado. Bem-vindo ao futuro, onde até o seu sossego é uma oportunidade de negócios.
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