Entre janeiro e abril de 2025, três crianças da etnia indígena Warao, de origem venezuelana, morreram por causas consideradas evitáveis em João Pessoa. No mesmo período, um adulto faleceu em decorrência de um câncer bucal. Os dados foram confirmados pela Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES-PB).
A causa mais recente envolve a morte de um bebê de 1 ano e 2 meses, ocorrida no dia 28 de abril, no Hospital Infantil Arlinda Marques, após internação com sinais de desnutrição, infecção generalizada e lesões corporais. A criança vivia no abrigo Vila do Lula, no bairro do Roger. Segundo a mãe, o bebê havia recebido apenas uma dose de vacina, revelando um quadro de grave atraso vacinal.
A necropsia realizada pelo Instituto de Medicina Legal (IML) apontou indícios de negligência e maus-tratos, com o corpo apresentando queimaduras e infecções causadas por fungos. A Polícia Civil investiga o caso.
Veja o registro oficial dos óbitos:
Data do óbito | Idade | Sexo | Causa da morte |
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28/01/2025 | 10 meses | Masculino | Broncoaspiração |
24/02/2025 | 45 anos | Feminino | Câncer bucal |
11/03/2025 | 3 meses | Feminino | Choque séptico |
28/04/2025 | 1 ano e 2 meses | Feminino | Infecção generalizada (em análise) |
A SES-PB reconheceu os desafios no acompanhamento da saúde dos indígenas, citando barreiras culturais e dificuldades no cumprimento de protocolos como vacinação e pré-natal. Atualmente, mais de 700 indígenas da etnia Warao vivem na Paraíba, distribuídos em sete abrigos e treze lideranças (caciques).
As ações de saúde são desenvolvidas por equipes do Núcleo de Atenção ao Indígena no Espaço Urbano (NAIURB), com apoio da SES e da Secretaria de Desenvolvimento Humano, além do suporte de antropólogos e profissionais de saúde.
Além das mortes, um possível surto de leptospirose foi denunciado em um abrigo Warao localizado no Centro de João Pessoa. Segundo os moradores, o local enfrenta superlotação e más condições sanitárias. O abrigo, que teria capacidade para 50 pessoas, abriga atualmente quase o dobro desse número.
A Secretaria Municipal de Saúde para Imigrantes e Refugiados confirmou oito casos de leptospirose e três de dengue. Três crianças infectadas com leptospirose já concluíram o tratamento. A situação sanitária tem sido classificada como crítica por representantes do grupo e do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), responsável pela administração do local.
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