Enquanto fiéis se ajoelham em busca de bênçãos ou absolvições, uma estrutura hierárquica cuidadosamente desenhada opera dentro da Igreja Católica. A base começa nos diáconos, passa pelos padres (ou presbíteros), chega aos bispos e se desdobra em ramificações como arcebispos, cardeais e, no topo, o papa. Cada função tem suas responsabilidades e simbologias, mas também carrega um papel funcional dentro da engrenagem eclesial.
O diácono, por exemplo, é o primeiro degrau da escada clerical. Pode ser um jovem em formação ou um homem casado disposto a servir permanentemente à Igreja. Pode abençoar, realizar casamentos e batismos, e conduzir funerais. Mas, como quem segura a lanterna na caverna da fé, sua função é preparar o caminho para algo maior.
Os padres — ou presbíteros — são o rosto mais familiar ao público. São eles que presidem paróquias, celebram missas, ouvem confissões e ungem enfermos. Para os católicos, agem in persona Christi, ou seja, como se o próprio Jesus celebrasse os rituais por meio deles.
Já os bispos, responsáveis por sacramentar a crisma e governar dioceses, são vistos como sucessores diretos dos apóstolos. Um arcebispo é, digamos, um bispo com função de coordenação regional — como prefeitos de grandes metrópoles religiosas, cuidam das chamadas arquidioceses e ajudam a alinhar o trabalho de outras dioceses próximas.
Mais acima, no órgão colegiado conhecido como Colégio Cardinalício, estão os cardeais. Nomeados diretamente pelo papa, eles funcionam como conselheiros de alta patente e, em momentos-chave, como na morte ou renúncia do pontífice, tornam-se eleitores do novo líder da Igreja. Embora divididos em três ordens — cardeais-bispos, cardeais-presbíteros e cardeais-diáconos —, a distinção é mais simbólica do que hierárquica.
O título máximo é o de papa, bispo de Roma e chefe do Estado do Vaticano. Ele governa não apenas uma fé de bilhões, mas também um território soberano com leis próprias. Nomeia bispos, canoniza santos e, como demonstrou Francisco em decisões recentes, também pode reformar antigas tradições — como ao permitir bênçãos a casais LGBTQIAPN+.
Como explica o padre Paulo Profilo, professor de direito canônico da Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo) e da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, da Arquidiocese de São Paulo, “apesar da multiplicidade de títulos e funções, os graus sacramentais da Igreja são apenas três: diácono, presbítero e bispo”. O restante é, sobretudo, atribuição de missão — e uma forma de manter a máquina do sagrado funcionando com precisão milenar.
Porque, afinal, fé também se organiza. E na Igreja Católica, cada cargo tem sua missa — e seu mistério.
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