Se você ainda sonha em se aposentar pelo INSS, talvez seja hora de ajustar as expectativas. Ou de começar uma vaquinha online. Segundo projeções recentes do próprio governo, o déficit da Previdência Social, que hoje representa 2,58% do PIB, pode atingir impressionantes 11,59% até 2100. Sim, você leu certo. E não, não é ficção científica — é aritmética demográfica com pitadas de drama institucional.
O problema não é novo, mas está ficando impossível de ignorar: estamos envelhecendo, deixando de ter filhos e, como consequência, desmontando a base que sustentava o sistema. Atualmente, o Brasil tem mais quarentões do que crianças com até quatro anos de idade. E esses mesmos quarentões, que hoje contribuem, vão querer se aposentar… só que com menos gente contribuindo lá na frente. É como manter um balde furado cheio — com menos água entrando e mais saindo.
De 2010 para cá, a população em idade ativa encolheu quase 20%. O sistema, que funciona por repartição — ou seja, os trabalhadores da vez sustentam os aposentados — está operando no vermelho e sem perspectiva de se tornar verde. Não existe poupança individual, nem uma reserva à prova de crises. O que entra sai. E o que não entra… bom, falta.
A reforma da Previdência de 2019 mexeu em algumas engrenagens: idade mínima, tempo de contribuição, regras de transição. Mas o motor continua engasgando. E, pelo visto, o combustível vai acabar muito antes da chegada ao destino — pelo menos para quem esperava um final tranquilo em alguma rede de varanda financiada pelo Estado.
Enquanto isso, o trabalhador médio se equilibra entre boletos, inflação e promessas que já não cabem no contracheque. Maio, que antes era mês de homenagens aos aposentados, agora é sinônimo de alerta: talvez, no futuro, o INSS sobreviva apenas como uma sigla em livros de história — ao lado de outras ideias que pareciam ótimas no papel.
Seja como for, o recado está dado: não é questão de pessimismo. É simples matemática. E ela não perdoa.
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