O Nordeste vem se consolidando como uma das regiões estratégicas para o desenvolvimento da infraestrutura digital no Brasil, com destaque crescente para a Paraíba. A capital João Pessoa começa a se firmar como um novo polo de data centers, ganhando visibilidade nacional e atraindo investimentos, especialmente após o lançamento do programa Redata (Política Nacional de Data Centers), anunciado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin. A iniciativa prevê isenção de IPI, PIS/Cofins e imposto de importação sobre equipamentos por cinco anos, com expectativa de atrair até R$ 2 trilhões em investimentos ao longo da próxima década.
Na avaliação de Alek Maracajá, presidente da ABRADi-PB e integrante do hub de inovação Farol Digital, o avanço do Nordeste nesse setor é nítido. João Pessoa, segundo ele, já figura entre as capitais promissoras, logo após Fortaleza e Salvador. A construção de um data center de 15 MW da HostDime na cidade é um dos marcos desse crescimento, contribuindo para a geração de empregos e atração de startups, além de ampliar a capacidade digital tanto do setor público quanto privado.
A força do Nordeste no setor de tecnologia é sustentada por três pilares principais: matriz energética renovável, inovação regional e conectividade internacional. Atualmente, cerca de 90% da energia da região provém de fontes limpas, como solar e eólica, tornando o território especialmente atraente para empresas comprometidas com princípios ESG. Programas como a Chamada Nordeste, que prevê R$ 10 bilhões em investimentos em energia renovável, baterias e data centers sustentáveis, também impulsionam esse cenário.
Ainda existem desafios, como a ampliação da conectividade para cidades de médio porte, a retenção de talentos, a necessidade de padronização fiscal entre os estados e a superação de estigmas que ainda limitam a percepção externa sobre o potencial do Nordeste. Estados como o Ceará, mesmo com grandes polos digitais, aguardam autorizações técnicas, como a conexão de data centers à rede básica de energia.
Apesar desses entraves, o cenário é otimista. A combinação de políticas públicas, estrutura energética de baixo impacto e capital humano qualificado projeta a região como peça-chave na transformação digital do Brasil. Para Alek Maracajá, o Nordeste já não é mais promessa, mas uma realidade em expansão dentro da nova economia digital.
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