Cinco décadas após compor um dos hinos mais emblemáticos da música brasileira, Hyldon retorna aos holofotes, agora como protagonista de As dores do mundo: Hyldon, documentário que remonta sua trajetória e mergulha nos bastidores do disco que consolidou seu nome na soul music nacional. O longa estreia nesta quarta-feira (19), em São Paulo, dentro da programação do festival In-Edit Brasil, voltado ao cinema documental musical.
Lançado em 1975, Na rua, na chuva, na fazenda atravessou gerações. Com sua levada suave, a faixa-título — inspirada em uma paixão platônica vivida pelo artista ainda jovem — se tornou um clássico radiofônico e um marco da fusão entre soul, samba e lirismo cotidiano. Agora, aos 73 anos, Hyldon olha para trás não apenas com nostalgia, mas com o olhar crítico de quem viu o país — e a indústria da música — passar por transformações radicais.
O filme vai além do registro biográfico e propõe um reencontro afetivo com a obra de Hyldon por meio da presença de artistas de diferentes gerações. Liniker, Arnaldo Antunes, Sandra de Sá, Curumin e Seu Jorge participam do documentário com depoimentos e releituras que revelam a permanência e a atualidade da música do baiano radicado no Rio de Janeiro.
Produzido com direção sensível e sem recorrer à idealização excessiva, As dores do mundo também aborda os momentos difíceis da carreira do cantor, desde o apagamento de sua imagem em meio ao sucesso de sua obra até os períodos de afastamento do mainstream. É justamente essa dimensão humana que o documentário parece buscar: o artista que resistiu, reinventou-se e seguiu criando, longe dos modismos, mas perto do sentimento.
Depois da exibição em São Paulo, o filme segue para outras cidades como parte do circuito de festivais dedicados à música e ao cinema. Ainda não há previsão de lançamento em plataformas digitais, mas a expectativa é que o documentário alcance o público mais amplo nos próximos meses.
Hyldon, que nunca deixou de compor e gravar, segue em atividade — e agora, com o respaldo de uma obra audiovisual que celebra sua relevância e complexidade, reafirma seu lugar como uma das vozes mais singulares da música brasileira.
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