A derrota para o Palmeiras, pelas quartas de final do tal Super Mundial de Clubes, doeu. Não porque o Botafogo jogou um bolão e foi injustiçado. Doeu porque todo mundo queria seguir adiante, sonhar um pouquinho, inventar manchete com “Glorioso volta ao topo do mundo”, e postar fotinho com a taça dourada que ninguém sabia direito onde ia ser exibida. Só que, entre o vexame e a redenção, veio um terceiro caminho: a libertação.
Sim, a eliminação pode ter trazido algo de bom. Não, não estamos falando da “folga no calendário” — essa desculpa padrão de dirigente acuado. Estamos falando de algo mais profundo: o fim da Era Renato Paiva, ou, como alguns torcedores apelidaram carinhosamente, “o estágio gerencial da Estácio com uniforme da SAF”.
Desde que chegou, Paiva colecionou mais suspiros do que suspiros de esperança. A torcida nunca comprou o pacote completo — e nem o light. O português chegou como quem erra a reunião no Google Meet: sem contexto, sem convite, e com um currículo que, honestamente, dava mais medo que confiança.
Era uma apresentação de boas intenções com slides coloridos, conceitos europeus de intensidade e transição rápida, mas que, na prática, significava: lateral sem profundidade, zaga perdida e atacante marcando zagueiro. A cereja do bolo? Um vestiário desconfortável e entrevistas que mais pareciam TED Talks sobre futebol moderno, porém sem tradução para a realidade alvinegra.
A derrota para o Palmeiras, dura e previsível, foi o empurrãozinho que faltava. A diretoria, que até então fazia cara de paisagem e dizia que era “processo”, agora tem nas mãos o cheque simbólico da torcida para fazer diferente. E, pasme, parece que desta vez o Botafogo pode acertar.
Há talento no elenco. Há dinheiro (pelo menos no conceito americano de fluxo de caixa). E há, principalmente, uma chance de começar 2025 com menos PowerPoint e mais bola no chão. De preferência, com um treinador que saiba que “engajamento defensivo” não substitui um time que sabe marcar.
Portanto, torcedor botafoguense, erga a cabeça. O Super Mundial se foi, mas talvez, só talvez, essa derrota tenha sido a primeira vitória do ano. Ou, como diria um sábio de arquibancada: “pior que tá, só se o Paiva tivesse renovado”.
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