Nesta quinta-feira (9), as plataformas de streaming recebem um tributo fonográfico a Djavan — e a palavra “tributo”, nesse caso, não é figura de linguagem nem exagero publicitário. É, de fato, um mergulho no cancioneiro do artista alagoano, agora pelas vozes e timbres de uma geração que cresceu ouvindo Flor de Lis e Oceano sem necessariamente saber que Djavan também já foi vanguarda.
Bruna Black, Hodari, Jonathan Ferr, Jota.Pê, Luccas Carlos e Melly são os intérpretes da vez. E o desafio não é pequeno: revisitar canções que equilibram harmonia sofisticada com lirismo existencial sem transformar tudo em uma vitrine de afetação. A boa notícia é que, ao que tudo indica, o grupo entendeu o recado. As versões trazem frescor, mas sem desrespeitar a arquitetura delicada das composições.
O repertório ainda não foi divulgado faixa a faixa em detalhes, mas já se sabe que clássicos como Se…, Samurai e Sina estarão entre as releituras — algumas em arranjos jazzísticos, outras flertando com o R&B, e até um toque de neo-soul, cortesia de Jonathan Ferr e Luccas Carlos, que não escondem a influência do mestre.
O tributo chega em boa hora: Djavan, que completou 75 anos em janeiro, está em estúdio finalizando um novo álbum de inéditas, com previsão de lançamento para setembro ou outubro. Pouco se sabe sobre o conteúdo, exceto que ele segue escrevendo sozinho — como sempre fez — e que o disco deve manter o tom poético e musicalmente desafiador que virou sua assinatura desde os anos 70.
Enquanto isso, o tributo soa como um aperitivo, ou talvez como uma espécie de espelho invertido: artistas mais jovens visitando um repertório que já nasceu moderno e continua, curiosamente, à frente de seu tempo. O projeto, além de homenagear Djavan, oferece ao público mais novo uma chance de reencontrar essas canções em outros tons, outras texturas — mas com a mesma alma.
Se você é do tipo que acredita que grandes canções não envelhecem, pode dar o play tranquilo. Djavan continua sendo aquele artista que, mesmo quieto, segue em movimento. E agora, com novos ecos.
Talvez essa seja a melhor forma de homenageá-lo: mantê-lo em trânsito.
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