Enquanto Campina Grande e Caruaru brigam pelo título de São João mais famoso do mundo, João Pessoa decidiu jogar pesado e fez o que a política brasileira sabe fazer de melhor: inventar um título oficial que ninguém havia pedido, o de “capital do forró”.
Foi oficializado numa canetada da Câmara Municipal, numa lei do vereador Guga Pet (PP), sancionada pelo prefeito Cícero Lucena (PP) e estampada no Diário Oficial da cidade na última quinta-feira (7). Agora, João Pessoa tem seu lugar garantido no panteão forrozeiro, pelo menos no papel.
O mais curioso nessa novela de títulos é que Caruaru, aquela simpática cidade do interior de Pernambuco, já ocupa esse trono há décadas no imaginário popular, graças a uma música que gruda na cabeça de qualquer nordestino. Mas quem se importa? Quando a lei entra em cena, o imaginário popular que se cuide.
É quase como se João Pessoa tivesse aplicado um decreto executivo local com o mesmo estilo que o presidente dos EUA lança ordens para o mundo, rápido, firme e sem muita discussão, fazendo com que o resto do planeta tenha que se adaptar a uma nova realidade, quer queira ou não.
Se Campina Grande e Caruaru são as superpotências históricas do forró e do São João, João Pessoa acabou de fazer um movimento de “soft power” cultural, assinando um tratado ou melhor, uma lei municipal, para entrar na briga, deixando claro que, no Brasil, a diplomacia se faz na base da canetada e do gingado.
No fim das contas, quem ganha é o público: três cidades com seus títulos, suas festas e suas histórias, cada uma tocando seu acorde, enquanto o Brasil inteiro dança ao som desse embate inusitado.
E a moral da história? Quando o assunto é cultura nordestina, até uma lei municipal tem mais poder que um decreto presidencial, pelo menos para quem gosta de um bom forró. E olhe que a disputa mal começou, tem forró para dar e vender.
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