A decisão de Washington de revogar os vistos de dois brasileiros ligados à criação do Mais Médicos reacendeu discussões sobre política externa, direitos trabalhistas e o futuro do programa de saúde no Brasil. O anúncio, feito pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, na última quarta-feira (13), enquadra Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, coordenador-geral para a COP30 na OTCA, como participantes de um “esquema de exportação de trabalho forçado” atribuído ao governo cubano.
O alvo das sanções é o período entre 2013 e 2018, quando médicos cubanos atuaram no Brasil por meio de um convênio mediado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Segundo o Departamento de Estado, o arranjo teria driblado sanções a Havana.
Criado em 2013, o Mais Médicos nasceu para suprir a falta de profissionais no interior e em comunidades vulneráveis. Dados do Ministério da Saúde mostram que, atualmente, 92,25% dos 24,9 mil médicos do programa são brasileiros, atendendo mais de 4,5 mil municípios, incluindo territórios indígenas e unidades prisionais.
O episódio ocorre em meio ao endurecimento das medidas do governo Donald Trump contra o Brasil. No mês passado, Washington elevou tarifas sobre produtos brasileiros e sancionou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, acusando-o de perseguir Jair Bolsonaro.
Em reação, Mozart Sales classificou a penalidade como “injusta” e reafirmou que o Mais Médicos “defende a vida e representa a essência do SUS”. Até o momento, Alberto Kleiman não se manifestou publicamente.
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