Saci, Curupira e companhia: escoteiros do improvável
Eram personagens tão brasileiros quanto o cafezinho, embora ninguém tenha colocado Saci no extrapower nem o Curupira no BBB. Essas figuras surgiram da imaginação (e, em muitos casos, do medo genuíno da escuridão) por gente que precisava explicar o inexplicável: um samba de gafieira estridente na mata, uma pegada que rodopia sozinha, uma lenda que explicava boi, cobra ou botos.
A lista é longa: Saci, Curupira, Iara, Boto-cor-de-rosa, Mula-sem-cabeça, Boitatá e outros que ainda protagonizam festas, contos e séries na Netflix (alguém falou “Cidade Invisível”?). E sim, esses mitos nos dão aquele friozinho na barriga que nenhum streaming moderno consegue reproduzir.
Folclore com respaldo científico (tudo tem que parecer sério, né?)
Para que a brincadeira ganhasse base, rolaram congressos, o I Congresso de Folclore, no Rio, em 1951, gerou a célebre Carta do Folclore Brasileiro, definindo “fato folclórico” como o jeito de pensar, sentir e agir de um povo, imune ao filtro erudito.
E nomes importantes como Mário de Andrade e Luís da Câmara Cascudo viraram heróis da classificação: quem catalogou lendas, mitos, cantigas, saberes e rituais antes que virassem “inesquecível sem registro”.
Por que celebrar? Porque esquecemos fácil (e folclore não tem backup na nuvem)
A folia folclórica não é só chapéu de palha e quadrilha. É resistência cultural, memória coletiva e identidade viva. Ao lembrar do folclore, damos uma beliscada na arrogância moderna de que tudo precisa de algoritmo, curadoria ou enredo hollywoodiano para valer a pena
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