O cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, conhecido como Jaguar, faleceu neste domingo, 24 de agosto de 2025, no Hospital Copa D’Or, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A informação foi divulgada pela instituição. Ele estava internado devido a uma infecção respiratória, a qual evoluiu com complicações renais; nos últimos dias, encontrava-se sob cuidados paliativos.
Nascido em 29 de fevereiro de 1932, no Rio de Janeiro, Jaguar iniciou sua trajetória profissional em 1952 como bancário no Banco do Brasil. No mesmo período, passou a publicar desenhos na revista Manchete, adotando o pseudônimo “Jaguar” por sugestão do cartunista Borjalo.
Em 1969, ao lado de Tarso de Castro, Sérgio Cabral e outros nomes do jornalismo crítico, fundou o semanário O Pasquim, que logo se tornou símbolo de resistência contra a censura imposta pela ditadura militar. O nome da revista foi criação de Jaguar, inspirado no termo italiano Paschino, que significa panfleto difamador, e indicava a irreverência intencional do diário. Nessa fase, ele criou o personagem Sig, um ratinho que se tornou mascote do veículo.
Durante o governo militar, em 1970, parte da equipe do Pasquim foi presa após a publicação de uma charge satírica. Jaguar ficou detido por cerca de três meses, sendo libertado apenas no Réveillon daquele ano.
Após o fim do semanário, em 1991, Jaguar manteve atuação na imprensa: foi editor de A Notícia e colaborador de O Dia, onde assinou a coluna semanal “O Boteco do Jaguar”.
Ao longo da carreira, lançou diversos livros, entre os quais Átila, Você É Bárbaro (1968), Ipanema – Se Não Me Falha a Memória (2000), memórias da boemia e do cotidiano em Ipanema e Confesso Que Bebi (2001), coletânea de histórias pessoais e registros de bares cariocas. Fiel ao estilo irônico, chegou a brincar com sua própria aptidão para o desenho, dizendo que desenhava “pessimamente”, mas persistia por necessidade de entregar o trabalho.
A morte de Jaguar gerou comoção entre artistas e chargistas. O cartunista Angeli o homenageou afirmando: “Adeus ao maior. Todas as reverências ao carinhoso mestre, dono do traço mais rebelde do cartum brasileiro”.
Jaguar deixa um legado marcado pela crítica afiada, humor sagaz e engajamento cultural, que influenciou gerações de cartunistas e jornalistas no Brasil.
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