Na noite de ontem, dois caças venezuelanos sobrevoaram o destróier norte-americano USS Jason Dunham, em uma demonstração de força que os EUA interpretaram como um gesto provocativo por parte da Venezuela. A ação ocorre no contexto de uma crescente tensão entre os dois países, com os Estados Unidos ampliando sua presença militar no Caribe. Desde a última mobilização, que inclui navios de guerra, aviões e mais de 4 mil soldados, a região vive a maior mobilização militar americana desde a invasão do Panamá, em 1989.
A justificativa do presidente Donald Trump para essa escalada militar é o combate ao narcotráfico, com foco nas lideranças de cartéis de drogas, especialmente a figura do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Segundo dados, em 2020, entre 10% e 13% do fornecimento global de cocaína passou pela Venezuela, o que tem sido usado como argumento para a ofensiva.
Contudo, analistas apontam que a narrativa do “narcoterrorismo” pode ser apenas um pano de fundo para interesses geopolíticos mais amplos. Com as maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela tem sido uma parceira estratégica da China, com cerca de 90% de seu petróleo sendo comercializado diretamente para o gigante asiático. Esse cenário irrita Washington, que, ao enfraquecer Maduro, busca não só aumentar sua presença no Caribe, mas também reduzir a influência chinesa na região, considerada por muitos como o “quintal geopolítico” dos Estados Unidos.
Além disso, em tempos de preços elevados de energia, o petróleo venezuelano se apresenta como um recurso valioso que poderia aliviar a pressão sobre os mercados globais. Ao envolver-se mais diretamente na crise interna da Venezuela, os EUA parecem buscar uma nova fatia de um mercado que já está majoritariamente nas mãos da China.
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