Celebrar o Dia Mundial da Alfabetização, em 8 de setembro, é fácil. Difícil é encarar que, em pleno 2025, o Brasil ainda convive com quase 10 milhões de analfabetos. Mais grave: mesmo entre aqueles que aprenderam a juntar letras, boa parte não consegue ler um parágrafo e extrair dele um sentido.
O que isso significa? Que a promessa da escola pública universal continua incompleta. Que décadas de políticas educacionais se mostraram insuficientes. E que, na prática, o país segue negando a milhões de cidadãos o acesso à ferramenta mais básica de participação social: a leitura.
O analfabetismo funcional, que atinge adultos formados pelo sistema de ensino incapazes de interpretar textos simples, é um retrato cruel. Não se trata apenas de uma falha pedagógica, mas de uma escolha política. São necessários projetos de governo que sobrevivam à próxima eleição, e na valorização estrutural do professor.
É simbólico que, ao mesmo tempo em que o Brasil se orgulha de ser a “oitava economia do mundo”, ainda aceite conviver com índices de alfabetização equivalentes aos de países muito mais pobres. A desigualdade está na base: enquanto crianças de famílias ricas são estimuladas desde cedo com livros e tecnologia, as da periferia e da zona rural enfrentam escolas sem estrutura e professores exaustos.
O 8 de setembro não deveria servir para discursos protocolares. É um lembrete de que sem leitura não há cidadania plena. Que a palavra escrita é o verdadeiro passaporte para o mundo. E que o Brasil só terá futuro se encarar a alfabetização não como uma meta distante, mas como urgência nacional.
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