O advogado Luiz Pereira, que representa os policiais militares suspeitos de envolvimento na chacina que resultou na morte de cinco jovens no Conde, afirmou nesta quarta-feira (10) que os réus preferem permanecer presos do que cumprir a medida cautelar de uso de tornozeleira eletrônica.
A decisão da Justiça determinou a soltura dos acusados mediante restrições, entre elas o monitoramento eletrônico, afastamento do serviço operacional, recolhimento domiciliar noturno e proibição de contato com familiares das vítimas.
Segundo a defesa, os militares consideram o uso da tornozeleira um constrangimento maior do que a prisão, já que a medida expõe sua imagem e coloca em risco a segurança deles e de suas famílias. O advogado também reforçou a alegação de inocência dos clientes, afirmando que os policiais agiram em legítima defesa durante a operação que terminou na morte dos jovens, em fevereiro deste ano.
Na decisão, a Justiça também converteu a prisão temporária em preventiva para o tenente Álex William de Lira Oliveira, que segue foragido nos Estados Unidos e não colaborou com as investigações dentro do prazo estipulado. Já os outros cinco militares — Soldado Mikhaelson Shankley Ferreira Maciel, Sargento Marcos Alberto de Sá Monteiro, Sargento Wellyson Luiz de Paula, Sargento Kobosque Imperiano Pontes e Cabo Edvaldo Monteval Alves Marques — devem deixar a carceragem do 1º Batalhão da Polícia Militar.
O crime ocorreu na noite do dia 15 de fevereiro de 2025, na cidade do Conde, Litoral Norte da Paraíba. Cinco jovens, com idades entre 17 e 26 anos, foram mortos durante uma ação da Polícia Militar na Ponte dos Arcos, após suspeitas de que planejavam um ataque em vingança a um feminicídio ocorrido horas antes.
Segundo a investigação, os policiais abordaram os veículos em que os jovens estavam e abriram fogo, resultando nas mortes de Fábio Pereira da Silva Filho, Emerson Almeida de Oliveira, Alexandre Bernardo de Brito, Cristiano Lucas e Gabriel Cassiano de Sousa. Laudos periciais apontaram mais de 90 disparos nos veículos, e há relatos de que os jovens teriam sido surpreendidos e atingidos sem possibilidade de reação.
O caso segue em investigação e é acompanhado pelo Ministério Público da Paraíba, que pediu a aplicação das medidas cautelares para que os acusados aguardem em liberdade. As famílias das vítimas contestam a versão apresentada pelos policiais e cobram justiça pelas mortes.
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