Quem nunca ouviu, na infância, aquela voz grave e ameaçadora dizendo: “Deixar o chinelo virado mata a mãe”? Uma frase que, se fosse verdade, teria transformado muitas casas brasileiras em cenários de tragédias familiares. Mas, afinal, de onde surgiu essa superstição que mistura desordem doméstica com fatalidade materna?
Nos anos 60, muitas casas brasileiras ainda não tinham pisos acabados, eram feitos com barro batido, e o chinelo era o principal aliado contra o chão sujo. Virar o chinelo significava acumular poeira e impurezas, contrariando o objetivo de mantê-lo limpo. Para que as crianças entendessem a importância de guardar os chinelos corretamente e manter a casa organizada, surgiu a narrativa de que o gesto poderia trazer consequências graves, como a morte da mãe.
A figura materna, central na família brasileira, foi escolhida como a vítima simbólica dessa superstição. Ao associar o descuido com o chinelo à morte da mãe, a mensagem se tornava mais impactante e difícil de ignorar. Afinal, quem ousaria deixar o chinelo virado sabendo que isso poderia resultar na perda de uma das pessoas mais importantes de sua vida?
Embora sem fundamento, essa superstição reflete valores culturais importantes sobre higiene, organização e respeito. Ela funciona como um reforço simbólico: o chinelo virado representa desordem e desrespeito, enquanto a mãe, figura central da família, é usada como referência emocional para ensinar cuidado, atenção e responsabilidade dentro do lar.
Mesmo com o avanço da ciência e o acesso à informação, muitas superstições continuam vivas por serem passadas de geração em geração. A transmissão oral, combinada com a forte carga emocional, mantém essas crenças ativas no imaginário popular. Além disso, a linguagem simbólica desse tipo de mito é facilmente assimilada e compartilhada, especialmente em contextos familiares.
Ainda hoje eu desviro meus chinelos ao vê-los emborcados😁.
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