A discussão sobre a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda voltou a polarizar Congresso e governo. No centro do impasse, está a proposta de liberar do tributo quem recebe até R$ 5 mil mensais, medida que poderia beneficiar milhões de trabalhadores, mas que pressiona a arrecadação federal.
No Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, decidiu antecipar o debate e pautar a isenção, em desafio à Câmara, onde o texto permanece travado há semanas sob a articulação do presidente Arthur Lira (PP-AL). A movimentação amplia a pressão sobre o governo para que avance na negociação.
A estratégia do Planalto inclui revisões em outras frentes da política tributária. Aliados de Lula estudam mudanças na tributação de aplicações financeiras como forma de recompor parte das perdas e costurar apoio entre partidos de centro, sinalizando que a pauta da isenção será atrelada a concessões no mercado de capitais.
Enquanto isso, a agenda econômica enfrenta outros entraves. No mesmo plenário em que se discute o alívio fiscal para a classe trabalhadora, avança um projeto que permite reajustes no Tribunal de Contas da União. Caso aprovado, o impacto pode elevar vencimentos de servidores para valores próximos de R$ 70 mil, na contramão das tentativas de conter gastos e retomar a reforma administrativa.
A proximidade do calendário eleitoral torna o quadro ainda mais delicado. O governo corre contra o tempo para votar não apenas o projeto do Imposto de Renda, mas também medidas como a MP da tarifa social de energia. A combinação de pressões políticas e exigências fiscais transforma a isenção do IR em peça-chave de uma engrenagem mais ampla, cujo resultado imediato recairá sobre a economia e a condução das reformas estruturais.
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