Na tarde desta terça-feira (23), o Tribunal de Justiça da Paraíba manteve a condenação dos três acusados de liderar um dos golpes mais audaciosos da história recente do estado, envolvendo fraudes financeiras no setor de hortaliças hidropônicas. O caso, que já foi considerado um esquema de pirâmide, teve sua decisão reforçada pela Câmara Criminal, mantendo a sentença anterior que resulta em prisão para dois dos réus.
O trio formado por Jucélio Pereira, proprietário da empresa Hort Agreste, Priscila dos Santos, sua sócia, e Nuriey de Castro, diretor financeiro da operação, foi condenado por estelionato e organização criminosa, com prejuízo estimado em R$ 120 milhões. O esquema visava enganar investidores oferecendo lucros exorbitantes por meio de um falso cultivo de hortaliças em sistema hidropônico, uma técnica de cultivo sem solo que, na realidade, nunca foi o foco da empresa.
O julgamento no TJPB, presidido pelo desembargador Joás de Brito, reafirmou a clareza do caso: um golpe articulado, disfarçado de promessas de retorno financeiro fácil e rápido, se aproveitando da boa fé de investidores em busca de alternativas mais rentáveis no mercado. O desembargador destacou, ainda, que não há dúvida sobre o caráter criminoso da operação, caracterizado como uma fraude em larga escala.
O relator do caso, João Benedito, acompanhou a decisão de forma integral, negando os pedidos de defesa, que alegavam que o processo deveria ser julgado pela justiça federal, uma vez que o esquema supostamente envolvia transações financeiras mais complexas. A defesa também tentou reverter a acusação de organização criminosa, mas essa alegação foi prontamente refutada.

O esquema começou a ser desmascarado quando os investidores começaram a perceber que os lucros prometidos, entre 7% a 10% mensais, nunca eram cumpridos. A promessa de um sistema revolucionário de cultivo, que garantiria hortaliças a preços baixos e em tempo recorde, caiu por terra, deixando centenas de pessoas no prejuízo. Uma das vítimas, que investiu R$ 180 mil em outubro de 2023, relatou à polícia que, desde novembro do mesmo ano, não recebeu mais nenhum pagamento, apesar das promessas de retornos constantes.
O Ministério Público da Paraíba (MPPB), que iniciou o processo em fevereiro de 2025, denunciou os três envolvidos por estelionato majorado, após uma série de investigações que identificaram não apenas o esquema de pirâmide, mas também o uso de práticas fraudulentas para enganar investidores e obter lucros ilícitos.

O caso não apenas expôs o lado obscuro do mercado de investimentos, mas também lança luz sobre a necessidade de maior vigilância em esquemas financeiros que prometem retornos rápidos e sem explicações claras sobre como os lucros são gerados. A condenação do trio, embora vista como um passo importante para a justiça, também serve de alerta para outras possíveis vítimas de golpes similares no Brasil. O mercado financeiro, mesmo em setores aparentemente inofensivos, como o de cultivo de hortaliças, pode ser terreno fértil para fraudes elaboradas.
Agora, com a prisão mantida e a justiça cumprindo seu papel, resta esperar que as vítimas do golpe possam finalmente ver algum tipo de reparação. Enquanto isso, os acusados terão que responder pelos danos causados não só aos investidores, mas também à imagem da agroindústria e da inovação em tecnologias sustentáveis que, na maioria das vezes, buscam melhorar a vida das pessoas.
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