Bruce Springsteen resolveu fazer uma faxina no sótão — e o resultado chega aos ouvidos do público no dia 27 de junho. Sete álbuns, ou melhor, sete “álbuns perdidos” serão lançados sob o título Tracks II: The Lost Albums, com um total de 83 faixas, das quais 74 jamais haviam visto a luz do dia. Talvez nem a luz da sala de mixagem.
O pacote, que caberá em sete CDs (ou nove LPs para quem ainda curte o ritual de virar disco), cobre 35 anos de gravações — de 1983 a 2018. Período em que Springsteen não apenas escreveu, gravou e arquivou músicas, mas aparentemente também aprendeu a deixá-las esquecidas por décadas. Até agora.
“Eram discos completos, alguns até mixados”, disse o próprio Bruce em comunicado. A frase soa quase como um pedido de desculpas — ou um convite para vasculhar um baú musical que só agora o artista julgou digno de ser destrancado.
Entre os destaques está o LA Garage Sessions ’83, um vislumbre dos bastidores do clássico Born in the U.S.A., com cheirinho de gasolina e amplificador. Já Streets of Philadelphia Sessions é o tipo de surpresa que faria qualquer fã franzir a testa: um LP eletrônico, com pitadas de hip-hop, que o próprio Springsteen engavetou nos anos 90. Provavelmente com o bom senso de quem não queria competir com o próprio passado.
É claro que os fãs já estão empolgados com a ideia de ganhar, de uma vez, quase três horas de Bruce inédito. E também um pouco confusos. Afinal, como alguém grava sete álbuns completos e simplesmente esquece de lançá-los? A resposta pode estar no perfeccionismo, ou quem sabe em uma agenda ocupada com turnês, protestos políticos e aquela biografia que virou espetáculo na Broadway.
De qualquer forma, Tracks II é uma espécie de cápsula do tempo com material suficiente para um ano inteiro de audições, análises e debates sobre o que merecia ou não ter sido guardado por tanto tempo. Uma coisa é certa: Bruce está vivo, produtivo e aparentemente pronto para compartilhar até os esqueletos musicais que mantinha no armário.
Se esses álbuns foram realmente “perdidos” ou apenas “deixados pra depois”, só ele sabe. Mas agora que foram achados, a dúvida passa a ser nossa.
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