Em meio às pressões crescentes por parte da oposição e da base bolsonarista, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), adotou tom moderado ao tratar da proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Em evento em São João del-Rei (MG), que homenageou os 40 anos da morte de Tancredo Neves, Motta sinalizou que o momento exige atenção a prioridades como saúde, educação e segurança.
Segundo ele, a agenda do Congresso deve refletir as demandas reais da população, deixando em segundo plano temas que geram polarização e afastam o Parlamento dos desafios cotidianos do País. “Precisamos investir nosso esforço em pautas que transformem a vida das pessoas. Isso é o que a sociedade espera de nós agora”, afirmou.
Ainda assim, Motta não descartou o debate sobre a anistia. Reconheceu que o tema está em pauta, mas ressaltou a necessidade de equilíbrio na condução dos trabalhos. “Tenho buscado diálogo com lideranças partidárias, com o Senado e outras instituições. Essa é uma questão sensível, que exige responsabilidade e escuta”, declarou.
A proposta de anistia conta com forte mobilização da oposição. Em março e abril, atos em Copacabana e na Avenida Paulista reuniram milhares de pessoas. Além disso, o PL protocolou na semana passada um requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto — mecanismo que permite levar a matéria diretamente ao plenário, caso aprovado.
Por outro lado, a polêmica em torno da anistia tem afetado o ritmo da Câmara. Nos primeiros meses sob a presidência de Motta, o volume de votações caiu quase pela metade em relação ao mesmo período sob Arthur Lira. O tema, embora relevante para parte do eleitorado, tem funcionado como um freio para outras discussões.
No cenário atual, Hugo Motta busca preservar o equilíbrio da Casa e evitar que disputas políticas comprometam o andamento de políticas públicas mais amplas. O desafio está em manter as pontes abertas sem perder o rumo das urgências sociais.
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