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Home Arte & Cultura

Anistia para um filme banido e seu cineasta esquecido

por Romero Azevêdo
5 de maio de 2025
em Arte & Cultura
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Anistia para um filme banido e seu cineasta esquecido
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Conheci o cineasta Carlos Augusto Ribeiro Júnior, seridoense de Caicó-RN, em 1972, morava com meu irmão Rômulo na Praia de Botafogo, ao lado do Cine Ópera, no lendário edifico “Rajah” (hoje “Solimar”), apartamento 918. Numa tarde de sábado de um mês que não lembro mais, o amigo comum José Eudes (in memoriam), cearense, estudante da escola de teatro da UFRJ no Flamengo apareceu com Ribeiro Júnior no nosso apartamento, entre nós havia um elo em comum: o cinema. Ele tinha 23 anos, nós 19. Ribeiro acabara de sair da prisão, sem nenhuma queixa formal, apenas “suspeito” como éramos todos nós naquele tempo sombrio. Nessa prisão política e clandestina foi duramente torturado, passando por sessões de choques elétricos, pancadaria e afogamentos (episódio exorcizado numa das sequencias de “Boi de Prata”). Ainda tenso, mas não medroso, se recuperando desses momentos de terror real, ele nos falou com entusiasmo, olhos arregalados, gesticulando freneticamente, de um projeto que pretendia pôr em prática naquele momento, um filme sobre a fome no Brasil do sesquicentenário da independência (“marco extraordinário” na linguagem publicitária da ditadura). Augusto Júnior nos falou de sua perplexidade ao ver moradores de rua remexendo o lixo dos restaurantes do Centro do Rio, queria denunciar aquilo num filme e tinha um detalhe estético que fez questão de frisar: o filme teria que ser rodado com negativo vencido, para isso já descobrira uma loja na avenida Rio Branco que estava vendendo latas de película 16 milímetros, preto-e-branco, com prazo de validade vencido com um desconto bastante atrativo. Não conseguiu plasmar no celulóide seu projeto e não nos vimos mais.
Reencontrei aquele “kinock” (louco por cinema no idioma russo) anos depois desse primeiro encontro no Rio aqui mesmo em Campina Grande num dos festivais de inverno realizado no mês de julho. Falou-me que estava prestes a rodar seu primeiro longa em Caicó, disse que iria se chamar “Boi de Prata”, financiamento da Embrafilme e do governo do Rio Grande do Norte etc. Vibrei com a notícia e o parabenizei pela façanha de produzir um filme em 35 milímetros no interior do Nordeste (se hoje é difícil fazer um longa por aqui, imaginem no final da década de 1970 com a ditadura “nos cós da calça” como se dizia popularmente).
Depois desse encontro, que acabou sendo o último, fiquei sabendo de notícias sobre as filmagens através da imprensa e dos cineclubistas natalenses. Aguardei ansiosamente o lançamento do filme por aqui, fato que nunca aconteceu.
Só vim ver “Boi de Prata” nesse ano de 2021, o fotógrafo e produtor cultural Aladim Monteiro (que aparece com 10 anos de idade numa cena do filme) me indicou o link de uma cópia restaurada no YouTube. É um filme deslumbrante, uma obra de uma beleza artesanal visual que ultrapassa tudo que já foi dito sobre ele e confirma o grande talento daquele irrequieto cineasta que transpirava cinema por todos os poros.
O filme, entre outras virtudes, tem um elenco que concilia duas vertentes antagônicas do cinema brasileiro naquele momento da história: de um lado os veteranos do Cinema Novo e do outro os jovens realizadores do Cinema Marginal (ou “údigrudi” paródia irônica do “underground” americano atribuída a Glauber Rocha). No “Boi de Prata” convivem em harmonia estética Luiza Maranhão (“Barravento”, “A Grande Feira” “Assalto ao Trem Pagador”), José Marinho (“Terra em Transe”, “O Bandido da Luz Vermelha”) e Álvaro Guimarães (“Caveira my friend”). Na direção de fotografia o paraibano Walter Carvalho em seu segundo longa, o primeiro foi o documentário “O País de São Saruê”, dirigido pelo irmão Vladimir Carvalho. A trilha sonora é do potiguar Mirabô Dantas.
Embora reunindo essas e outras qualidades técnicas e artísticas, o filme ficou na prateleira da Embrafilme e nunca foi lançado comercialmente. Filme não exibido é filme morto, condenado ao limbo do esquecimento ou, para citar a expressão de Jean-Claude Bernardet, “a lata de lixo da História”. As versões sobre esse inexplicável descaso da Embrafilme que não distribuiu o filme são várias, mas até hoje não se sabe com certeza o que motivou mesmo essa estranha atitude da empresa estatal.
Trinta e sete anos depois desse injusto apagamento, surge uma luz- e que luz- sobre essa escuridão iluminando o “Boi de Prata”, reapresentando-o para as novas gerações que sequer tinham ouvido falar sobre o filme. Mas não foi a luz de um projetor de cinema (essa ainda se espera), foi a luz de um livro escrito com conhecimento e competência pela Mestre em História e produtora audiovisual Flávia Assaf. Paulista de nascimento e nordestina por adoção desde 1984, Flávia está para “Boi de Prata” assim como Saulo Pereira de Mello está para “Limite” de Mário Peixoto, ou seja, sem o empenho, a dedicação e o amor desses dois apaixonados pela pesquisa no campo do cinema brasileiro, esses importantes filmes, cada um no seu momento histórico, não existiriam mais.
O livro “Boi de prata – a estreia do sertão do Seridó no cinema terceiro-mundista brasileiro” (Flor do Sal, 2018) é um trabalho de fôlego, uma pesquisa apurada e detalhada que se estende por 214 páginas assentadas num rigor acadêmico digno de nota, porém sem tornar a leitura maçante como normalmente são os trabalhos nessa área. Ao contrário, a leitura do livro tem sabor de descoberta, de desvelamento de uma obra até então condenada ao mais repulsivo abandono. Flávia mergulhou de cabeça no filme resultando desse mergulho profundo uma acurada análise que inclui as inter-relações entre os elos sintático e semântico da obra, bem como sua intrínseca ligação com a região semiárida, sua economia, sua antropologia, sua religiosidade ancestral e as manifestações da sua cultura popular.
A paupérrima bibliografia do cinema brasileiro (falo em termos da escassez de títulos) se enriquece com esse livro que aborda pelo viés estético, político, sociológico, místico, geográfico, histórico, folclórico, científico, cultural, cinematográfico e até mesmo psicológico um filme até então desconhecido numa filmografia que já ultrapassa um século de existência.
Além do cotejamento com filmes considerados cânones da filmografia brasileira, como “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “Os Fuzis” e “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, à guisa de confirmação da proposta inédita do filme de Ribeiro Júnior em seu discurso político apoiado na teoria revolucionária de Frantz Fanon, Flávia também ausculta a ambiguidade que envolve o realizador e sua obra (págs.100 e 101) , nos revelando dados que ajudam na compreensão mais ampla do processo que envolve criador/criação, abordagem muito pouco vista em trabalhos semelhantes.
A práxis redentora de Flávia Assaf possibilitou uma restauração preliminar, de ótima qualidade, do filme de Carlos Augusto Ribeiro Júnior, trabalho ao que me consta financiado por um dos seus filhos. Foi essa cópia restaurada que tive acesso no YouTube e pude ver, mais de 40 anos depois da última conversa que tive com Ribeiro Júnior em Campina Grande, o estigmatizado “Boi de Prata”.
Tenho a impressão que chegou a hora de Caicó, e por extensão o Rio Grande do Norte, anistiar o “Boi de Prata” e seu realizador, tirando-o desse ingrato esquecimento e mandando distribuir cópias do filme e do livro nas escolas públicas e privadas do estado a fim de que os estudantes de hoje possam ter o direito de conhecer e estudar essas duas obras que se completam pelo seu pioneirismo, sua qualidade e especialmente seu amor às coisas da nação potiguar.

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