Os motoristas de ônibus de João Pessoa aprovaram indicativo de greve, com início previsto para esta quarta-feira (16). O presidente do Sindicato dos Motoristas da Paraíba, Ronne Nunes, explicou que a categoria tenta negociar com as empresas há meses, mas tem recebido respostas intransigentes. “Nós não pedimos aumento, só queremos o que nos foi tirado no início da pandemia”, diz.
De acordo com Ronne Nunes, cada motorista teve perda de aproximadamente R$ 800 por mês. O valor é proveniente da redução do vale-alimentação, que caiu de R$ 600 para R$ 300, e da comissão paga aos motoristas após a demissão em massa dos cobradores.
“Nós dirigimos e passamos troco. É uma dupla função. Antes, recebíamos comissão de 2% do valor da passagem de cada passageiro, fosse o pagamento a dinheiro ou por passe-legal. Havia garantia de recebermos no mínimo R$ 300, mas conseguíamos tirar em média R$ 500 todo mês. Agora, as empresas não estão pagando esse batedor de R$ 300, mantiveram apenas a comissão de 2% e somente sobre as passagens pagas em dinheiro. Isso fez com que nosso apurado caísse para R$ 80”, relata Ronne Nunes.
Ainda conforme o representante da categoria, os motoristas de ônibus também exigem que a jornada de trabalho volte a ser como era antes da pandemia, quando eles cumpriam o serviço ininterruptamente. Durante a pandemia, cerca de 80% dos motoristas foram submetidos a horário de trabalho duplo, o que provoca exaustão na equipe.
“O motorista sai de casa às 4h e chega na garagem da empresa às 5h. Dá 3 viagens e para por volta das 11h30 para repouso, que acontece na própria empresa, sem estrutura alguma. Às 16h, sai do repouso e faz mais duas ou três viagens. Quando chega em casa, já é 20h ou 21h. E esse esquema se repete de segunda a sexta-feira”, reclama Ronne Nunes.
Caso as empresas insistam em manter a jornada dupla, a reivindicação do sindicato é de que os motoristas que cumprem esse esquema de trabalho recebam folga todos os sábados e domingos.
O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de João Pessoa (Sintur-JP) ainda não se manifestou publicamente sobre o indicativo de greve.