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Dinossauros, fé e desejo: uma semana de estreias curtas, porém barulhentas, nos cinemas

Dinossauros, fé e desejo: uma semana de estreias curtas, porém barulhentas, nos cinemas

Por: Hermano Araruna
03/07/2025 às 09h39 Atualizada em 03/07/2025 às 12h39
Dinossauros, fé e desejo: uma semana de estreias curtas, porém barulhentas, nos cinemas
Foto: Reprodução

Quem esperava uma semana tranquila nos cinemas pode esquecer. O número de estreias pode até ser modesto, mas o conteúdo promete levantar debate, nostalgia e, por que não, algumas sobrancelhas. O destaque vai para o documentário brasileiro Apocalipse nos Trópicos, que entra em cartaz em circuito limitado antes de chegar à Netflix, e já chega cercado de polêmica: o longa mergulha no entrelaçamento entre lideranças evangélicas e o poder político no Brasil — tema sensível e inflamável, especialmente em tempos de polarização.

Dirigido por Petra Costa, o documentário mistura bastidores, falas públicas e arquivos inéditos para mostrar como templos, púlpitos e campanhas eleitorais passaram a dividir a mesma linguagem. A abordagem promete inquietar tanto o fiel quanto o cético — e provocar boas discussões nos cafés depois da sessão.

Para quem prefere uma dose de fantasia com cheiro de pipoca, o sétimo filme da franquia Jurassic Park chega tentando manter vivo o legado dos dinossauros que Steven Spielberg soltou em 1993. A nova aventura mistura os ingredientes de sempre: répteis colossais, humanos imprudentes e uma trilha sonora que avisa quando correr. Não traz grandes surpresas, mas serve ao seu propósito: vender nostalgia e justificar os óculos 3D.

Já no campo dos afetos, dois dramas chamam atenção ao abordar relações amorosas atravessadas pela deficiência, cada um a seu modo. Um deles aposta na delicadeza dos encontros e nas nuances do cuidado mútuo. O outro, em contraste, propõe um olhar mais cínico sobre o desejo, o incômodo da dependência e os limites da empatia. Ambos escapam dos clichês piegas e oferecem camadas para além do discurso pronto — o que, por si só, já vale o ingresso.

Com temas que vão de tiranossauros digitais a cruzadas reais por poder, passando por histórias íntimas de afeto e autonomia, a semana se mostra pequena no volume, mas ambiciosa no conteúdo. E para quem ainda acredita que cinema é só entretenimento, talvez Apocalipse nos Trópicos ajude a lembrar que, às vezes, é justamente na tela que os bastidores do país se tornam mais visíveis.

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