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Brasil mexe no farol da pobreza: 14 milhões de pessoas conquistam luz própria

Brasil mexe no farol da pobreza: 14 milhões de pessoas conquistam luz própria

Por: Hermano Araruna
09/09/2025 às 09h39 Atualizada em 09/09/2025 às 12h39
Brasil mexe no farol da pobreza: 14 milhões de pessoas conquistam luz própria
Foto: Cristiano Mariz/VEJA

Nos últimos dois anos, cerca de 14 milhões de brasileiros deixaram de viver abaixo da linha da pobreza, considerando apenas a renda do trabalho — sem incluir os benefícios do Bolsa Família. É o que mostram os registros mais recentes do Cadastro Único (CadÚnico).

Uma fotografia otimista — e urgente

  • Pobreza caiu 25%: entre março de 2023 e agosto de 2025, o número de famílias nessa faixa caiu de 26 milhões para 19,5 milhões.

  • Baixa renda encolheu 20%, enquanto famílias com renda acima de meio salário mínimo subiram 67% — e deixaram de ser elegíveis ao Bolsa Família.

Mais renda, menos desigualdade — e a escola ajudou

Segundo Marcelo Neri, diretor da FGV Social, o aumento da renda foi mais que resultado do aquecimento do mercado de trabalho. “É um carro com tração nas quatro rodas: emprego, renda, educação, boa articulação”, diz ele. A renda da metade mais pobre cresceu 19% em termos reais até junho de 2025, enquanto a dos 10% mais ricos subiu 11,6%.

O que mudou por trás dos números

Uma parcela da melhora se deve à integração entre o CadÚnico e o Cross Nacional de Informações Sociais (CNIS), que permitiu atualizar mais rapidamente as informações sobre renda formal e benefícios. Resultado: 15% das famílias consideradas pobres migraram para faixas superiores em curto espaço de tempo.

Mas o percurso ainda tem curvas

Mesmo com o cenário positivo, o Bolsa Família continua vital para milhões. O orçamento do programa saltou de R$ 113,5 bilhões em 2022 para R$ 166,9 bilhões em 2023, com previsão de R$ 159,5 bilhões em 2025. A chamada "regra de proteção", que reduz o benefício pela metade quando a família supera a faixa de pobreza, já foi ajustada: o tempo de transição caiu de dois para um ano e o teto de renda foi reajustado para R$ 706 per capita.

Olhar por onde passou

A redução expressiva na pobreza deixa pistas de que políticas públicas e oportunidades de trabalho estão funcionando — ainda que em termos cautelosos. Agora, o verdadeiro teste será garantir que essas famílias não voltem à linha de pobreza quando as condições de mercado mudarem.

Resumo em dados:

Indicador Março 2023 Agosto 2025 Variação
Famílias em situação de pobreza 26 milhões 19,5 milhões –25%
Baixa renda –20%
Acima de meio salário mínimo +67%

Esse recorte do CadÚnico mostra que, sim, é possível retomar o avanço social com políticas inteligentes e dados bem cruzados. Agora, precisamos segurar firme para que a marcha rumo à redução da pobreza não trave na próxima curva.

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