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Itaú dá “reset” na produtividade, cerca de mil funcionários são desligados; cláusula de confiança entra em cena

Itaú dá “reset” na produtividade, cerca de mil funcionários são desligados; cláusula de confiança entra em cena

Por: Hermano Araruna
09/09/2025 às 11h00 Atualizada em 09/09/2025 às 14h00
Itaú dá “reset” na produtividade, cerca de mil funcionários são desligados; cláusula de confiança entra em cena
Foto: Germano Luders/VEJA

Nessa segunda-feira (8), o Itaú promoveu sua versão corporativa de “revisão de software”: cerca de mil profissionais em regime remoto ou híbrido foram desligados sob o argumento oficial de “baixa produtividade”, especialmente em horas registradas nas plataformas internas do banco. Apesar da alta bilionária em lucros, a justificativa mercadológica já circula como leitmotiv para o ajuste de eficiência interna.

Em nota, a instituição afirmou que adotou “revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro de jornada”, alegando que foram identificados “padrões incompatíveis com nossos princípios de confiança, que são inegociáveis para o banco”. A palavra “confiança” ganha tons comerciais e perigos, quando usada para justificar cortes em meio à digitalização massiva do trabalho.

Foi o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região que lançou luz sobre o modus operandi da empresa: desligamentos feitos sem advertência, sem diálogo e sem direito à autodefesa, quatro horas de “ociosidade”, registrada na máquina, bastaram para marcar uma sentença. O sentimento geral? “Violência tecnológica”: máquina aperta o gatilho e o banco assina o ponto final.

No LinkedIn, o designer Gustavo Tarpinian fez um desabafo pungente: “A justificativa oficial foi ‘baixa produtividade’, uma métrica jamais citada em um ano de trabalho. Essa explicação me pareceu ainda mais cruel, pois veio mascarada como uma culpa individual”.

Os sindicalistas, por sua vez, questionam a lógica da demissão em um contexto de digitalização. “Enquanto os trabalhadores são sacrificados, os acionistas seguem acumulando ganhos recordes”, escreveu o sindicato, lembrando que, apesar dos cortes, os lucros continuam batendo recordes, um deles ultrapassou R$ 22,6 bilhões só no último semestre.

As demissões ressuscitam um debate pulsante sobre o home office: até que ponto métricas digitais substituem diálogo humano? Quando o monitoramento de horas vira vigilância e acaba com empregos? Com o progresso tecnológico acelerando, essas fronteiras ficam cada vez mais borradas e parece que, no Itaú, foram redigidas pela política do “confio, mas desligo”.

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