
No sábado (6), Odete Roitman, sim, a mesma vilã imortalizada por Beatriz Segall em Vale Tudo, resolveu dar uma pausa nas intrigas de 1988 para abrir um livro. Bastou a cena ir ao ar na reprise da novela, no Viva, para O perigo de estar lúcida, da espanhola Rosa Montero, sair do meio da prateleira direto para o top 5 da Amazon.
O detalhe curioso é que o livro não estava na mão da atriz nos anos 80, mas a magia da televisão fez o impossível: ressuscitou a personagem, encaixou o título e... pronto, a ficção virou marketing involuntário. Em questão de horas, leitores correram atrás do volume que trata da tênue fronteira entre genialidade e loucura, assunto que, convenhamos, Roitman dominava sem precisar de bibliografia.
A onda não parou na internet. O Clube Seiva, grupo de leitura que reúne apaixonados por literatura contemporânea, já escolheu a obra como pauta do encontro de 30 de setembro. A discussão promete ser tão acalorada quanto um jantar na casa dos Roitman.
Rosa Montero, veterana do jornalismo e da ficção na Espanha, talvez não imaginasse que sua reflexão sobre criatividade ganharia repercussão graças a uma vilã brasileira de novela. Mas, no Brasil, até um olhar atravessado de Odete é capaz de mexer com o mercado editorial.
No fim, o recado é simples: quem matou Odete Roitman, ninguém esquece. Mas quem ela lê, o público brasileiro compra.