
Em 18 de setembro de 1950, São Paulo testemunhou o primeiro lampejo da televisão brasileira: a estreia da TV Tupi, comandada pelo empresário e jornalista Assis Chateaubriand, o icônico Chatô. As imagens em preto e branco, meio trêmulas e improvisadas, deram início a uma trajetória que, à época, muitos acreditavam não sobreviveria. Sete décadas e meia depois, a televisão nacional não apenas sobreviveu, como se reinventou. Hoje, é reconhecida como uma das quatro melhores do mundo, coleciona prêmios internacionais e continua moldando hábitos, gostos e debates culturais, mesmo sob o assédio constante de plataformas de streaming e redes sociais.

Entre novelas que pararam o país, programas de auditório que criaram ídolos instantâneos, transmissões esportivas que geraram discussões acaloradas e realities que dividem opiniões, a TV brasileira consolidou um território próprio: o da memória coletiva. É um meio que, a cada “adeus prematuro” anunciado por críticos apressados, renasce mais sofisticado, mais experimental e mais relevante. E, como toda sobrevivente, adora um drama, mas desta vez, com plateia mundial.
Para carimbar esse marco histórico, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), por meio do Departamento de Comunicação Social (DECOM), do Curso de Jornalismo e do CCSA, promove o seminário “75 anos da TV Brasileira”, entre os dias 17 e 19 de setembro, no Auditório 2 da Central Acadêmica Paulo Freire, em Campina Grande. O evento reunirá pesquisadores, profissionais da comunicação e estudantes, criando um espaço para refletir sobre o impacto da televisão no Brasil e no mundo, ao mesmo tempo em que provoca uma pergunta irresistível: se a TV “morreu” tantas vezes, por que ainda é capaz de ditar tendências?
Ao longo de três dias, serão discutidos temas que vão desde a evolução tecnológica e a produção de conteúdo até a relação com a audiência em tempos de múltiplas telas. Entre debates e análises, espera-se que o público perceba que a televisão não apenas acompanhou o Brasil por décadas, mas também o projetou para o mundo, exportando formatos, talentos e narrativas reconhecidas internacionalmente.

A TV brasileira sobreviveu à chegada do vídeo cassete, do DVD, da TV a cabo, da internet e agora do streaming. Cada “profeta do fim” foi refutado por imagens que continuam a entrar nas casas de milhões, mantendo a ficção, o entretenimento e a informação como centrais na vida do público. O seminário da UEPB não será apenas uma celebração, mas uma provocação: enquanto alguns decretam sua morte, a televisão segue viva, pulsando e, como sempre, oferecendo pautas inesgotáveis e não se enganem, ainda é capaz de surpreender.
Programação Dia 17 09h – Abertura Exibição do vídeo “Um dia no Jornal Nacional” 10h- “75 anos de telejornalismo no Brasil” com JÔ Mazzarolo (ex-editora do Jornal Nacional e ex-diretora de jornalismo da Rede Globo Nordeste) Dia 18 09h – exibição do vídeo “Pericles Leal: um criador esquecido”, de João de Lima e Manuel Clemente. 10h e 19h – “Tv no Brasil: da Tv Tupi a Tv 3.0”, com Rômulo Azevêdo (professor de Telejornalismo do curso de jornalismo da Uepb) Dia 19 09h e 19h – “Tv Nordestina: Uma emissora local de dimensão regional”, com Abilio José (radialista e diretor da Tv Nordestina) 10h e 20h – “A televisão no Nordeste”, com Gilson Souto Maior (jornalista e historiador)