Mesmo foragido, Flávio de Lima Monteiro, conhecido como Fatoka, continua no centro das atenções da segurança pública da Paraíba. Apontado como o líder do Comando Vermelho no estado, ele foi alvo de uma megaoperação da Polícia Civil, que nesta terça-feira (30) prendeu 24 pessoas ligadas à facção e bloqueou R$ 125 milhões em bens, contas e movimentações suspeitas.
Fatoka, no entanto, não foi encontrado. De acordo com informações da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), ele estaria escondido no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, área considerada um dos principais redutos da facção criminosa.
As ações da operação se estenderam por várias cidades da Paraíba, incluindo João Pessoa, Cabedelo, Santa Rita, Campina Grande, Cabaceiras e Nova Floresta, além de comunidades no estado do Rio de Janeiro. Das 24 prisões, 17 foram com mandados de prisão preventiva e 7 em flagrante.
Um dos presos foi localizado fora da Paraíba, em território fluminense.
Fatoka não é novato nas páginas policiais. Ele ganhou notoriedade em 2018, ao fugir da Penitenciária PB1 durante uma rebelião marcada por explosivos usados para abrir o portão principal. Na ocasião, 92 detentos escaparam, e Fatoka era um dos alvos prioritários.
Pouco tempo depois, foi recapturado em Alagoas, após denúncia de que traficantes estariam escondidos em casas de veraneio. Mesmo com o histórico de crimes graves, a Justiça permitiu que ele cumprisse pena em liberdade, usando tornozeleira eletrônica, equipamento que foi rompido, permitindo nova fuga.
Desde então, Fatoka se manteve foragido, reorganizando seu grupo e ampliando sua influência no estado.
Agora, além de tráfico de drogas e homicídios, o nome de Fatoka aparece também em investigações por interferência nas eleições municipais de 2024, principalmente no município de Cabedelo.
Segundo a Polícia Federal, ele teria pressionado eleitores, apontado pessoas para cargos públicos e exercido influência dentro da prefeitura, transformando sua facção num verdadeiro "estado paralelo".
Entre os investigados está Flávia Santos Lima Monteiro, presa desde novembro de 2024. Ela é suspeita de ser funcionária fantasma da Prefeitura de Cabedelo e considerada uma das principais articuladoras entre a facção e a estrutura pública.
Na época, o ex-prefeito Vitor Hugo e o atual prefeito André Coutinho também entraram na mira das autoridades.
As apurações contam com o apoio do Gaeco-PB (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), da Polícia Federal e de diversos órgãos de segurança estadual e federal.